A Espanha observou neste domingo (5), pelo terceiro dia, uma queda nas mortes pelo novo coronavírus, aumentando as esperanças no sul da Europa, enquanto os Estados Unidos entram, segundo o presidente Donald Trump, em uma "semana horrível". No Reino Unido, a rainha Elizabeth II pedirá aos britânicos que assumam, unidos, o desafio da pandemia.
Os números implacáveis da covid-19 não param de crescer. Até este domingo, havia mais de 1,2 milhão de infectados, em 190 países, e 65.272 mortos, segundo o último balanço da AFP.
Mais de 47 mil mortos estão na Europa, e Espanha e Itália, os países mais atingidos, registram uma queda na chegada de doentes aos hospitais.
— Começamos a ver uma luz no fim do túnel — disse o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, que prorrogou até 25 de abril o confinamento no país. As medidas já duram três semanas.
A Itália, que detém o recorde mundial de 15.362 mortos, também registrou avanços. No sábado, foram 681 mortos, uma queda de mais de 10%, e os pacientes em UTIs caíram para menos de 4 mil pela primeira vez desde o começo da crise.
— É uma notícia importante, porque permite que nossos hospitais respirem — declarou o chefe da Defesa Civil italiana, Angelo Borrelli.
Ao contrário da Espanha e Itália, os Estados Unidos estão em plena explosão da doença, ultrapassando 310 mil casos e 8,5 mil mortos. O Estado de Nova York, epicentro da crise no país norte-americano, teve seu pior dia no sábado, com 630 mortos.
No Reino Unido, que ultrapassou 4,3 mil mortos, a situação é tal que a rainha pedirá aos britânicos que enfrentem a crise com força, disciplina e companheirismo, em um discurso incomum à nação.
América Latina supera 30 mil casos
A pandemia também avança na América Latina, que registrava até este domingo quase 30,4 mil casos confirmados e 1.052 mortos. O Brasil registra um terço dos casos, 10.278, e o maior número de mortos, 432. O Chile (4.161 infectados e 27 mortos) se encontra em segundo lugar.
Na região, a doença teve cenas de horror no Equador (3.465 casos e quase 180 mortos), onde cerca de 150 corpos jaziam em residências e ruas da cidade de Guayaquil em meio ao caos causado pelo colapso dos serviços funerários.
Assim como na África, na América Latina há países com sistemas de saúde frágeis ou deteriorados, e grande parte de sua população vive do setor informal, o que dificulta as medidas de confinamento.
Corrida contra o tempo
A pandemia tem sido tão devastadora, que, mesmo nos países mais ricos, faltam testes de diagnóstico, leitos de UTI e recursos humanos.
— No começo, nos davam quatro luvas (para serem vestidas uma sobre as outras), agora dizem que duas são suficientes, mas eu visto três — conta uma enfermeira em um hospital de campanha erguido nos arredores de Madri.
Os países estão mergulhados em uma corrida contra o tempo. A competição é impiedosa, em um mundo onde as fronteiras voltaram a subir com rapidez. Os países mais pobres podem, apenas, assistir com impotência à esta luta feroz.
Depois de ser informado, inicialmente, que apenas equipes médicas deveriam cobrir a boca, Alemanha, França, Estados Unidos e outros países recomendaram, recentemente, o uso de máscaras como parte do leque de medidas para lutar contra a infecção, além do distanciamento social e da higiene frequente das mãos.
A França já encomendou quase 2 bilhões de máscaras à China, onde a pandemia teve início, e que retorna, lentamente, à normalidade.
Além dos hospitais, o drama humano acontece também nos centros geriátricos e em outras instalações sanitárias. Das 7.560 mortes na França causadas pelo vírus, 2.028 ocorreram nestes centros não-hospitalares.
Mais preocupações
Metade da humanidade está confinada, com grande custo para a economia mundial. O impacto social e econômico da pandemia segue brotando por todas as partes.
Na Guatemala, o banco central informou que as remessas enviadas pelos emigrantes nos Estados Unidos começaram a diminuir. Uma refinaria no Equador suspendeu as operações por 14 dias.