Centenas de milhares de iranianos foram às ruas de Teerã nesta segunda-feira (6) para o funeral do general Qassem Soleimani, morto em um ataque dos Estados Unidos na semana passada. Em discurso transmitido pela TV estatal, Zeinab, filha do comandante, disse que a morte de seu pai trará "dias escuros" para os Estados Unidos.
— Trump louco, não pense que tudo está terminado com o martírio do meu pai — afirmou.
Carregando cartazes com o retrato de Soleimani, as pessoas se reuniram nos arredores da Universidade de Teerã, onde o líder supremo Ali Khamenei presidiu as cerimônias e orações pelo general.
Cercado do presidente iraniano, Hassan Rohani, do presidente do parlamento, Ali Larijani, do chefe da Revolução, general Hossein Salami, e do chefe da autoridade judicial, Ebrahim Raisi, o aiatolá fez uma oração em árabe pouco depois das 9h30min (3h em Brasília), em frente ao caixão de Soleimani.
Após um cortejo fúnebre por algumas cidades do Irã, o corpo será sepultado em Kerman, cidade natal do general, na terça-feira (7).
Ainda nesta segunda, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar que reúne países do Ocidente, fará uma reunião para tratar da crise entre EUA e Irã. O governo alemão anunciou que a chanceler do país, Angela Merkel, se reunirá no sábado (11), em Moscou, com o presidente russo, Vladimir Putin, e que a principal pauta do encontro é a situação no Oriente Médio.
EUA e Irã
Estados Unidos e Irã romperam as relações diplomáticas em 1979, mas passaram por uma reaproximação durante o governo de Barack Obama. Isso culminou com a assinatura do acordo nuclear em 2015, do qual participavam também o Reino Unido, a França, a Alemanha, a China e a Rússia, com apoio da ONU.
Em 2018, os EUA, sob comando de Trump, deixaram o acordo, e a partir daí a tensão entre os dois países foi aumentando, com trocas de acusações entre os líderes dos dois países.
O governo iraniano anunciou no domingo (5) que o país vai deixar de cumprir as exigências do acordo, colocando assim um ponto final no pacto. Na prática, isso significa que o Irã não limitará mais o grau de enriquecimento de urânio que pode utilizar e nem o número de centrífugas a que tem direito.
No fim de semana, Trump voltou a fazer ameaças e disse que poderia atingir 52 alvos, alguns de "muita importância para o Irã e para a cultura iraniana", com "muita rapidez e com muita força".