O Parlamento iraquiano aprovou neste domingo (5) uma resolução que pede ao governo que expulse tropas estrangeiras do Iraque e que garanta que elas não usem o território, o espaço aéreo e o aquático do país de nenhuma forma. O governo iraquiano precisa aprovar a medida. As tropas americanas lutaram no Iraque entre 2014 e 2017 contra o Estado Islâmico e hoje somam cerca de 5.000 pessoas no país.
A solicitação, que afeta as tropas americanas no país, foi aprovada em meio ao agravamento de tensões na região depois que o general Qassem Soleimani, principal comandante militar iraniano, foi morto em um ataque americano a um aeroporto em Bagdá, capital do Iraque.
A resolução foi aprovada durante uma sessão extraordinária, transmitida ao vivo pela televisão estatal e acompanhada pelo primeiro-ministro do país, Adel Abdel Mahdi.
No Parlamento, na ausência dos deputados curdos e da maioria dos deputados sunitas, muitos legisladores gritaram "Não à América!".
O primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi denunciou "um assassinato político" de Soleimani e Mouhandis, o que deixa apenas duas opções: "mandar que as tropas estrangeiras partam imediatamente ou rever seu mandato por um processo parlamentar".
O chefe do Parlamento, Mohammed al-Halboussi, leu então uma decisão que "obriga o governo a preservar a soberania do país, retirando seu pedido de ajuda" dirigido à comunidade internacional para combater o grupo Estado Islâmico (EI) - e, portanto, retirar seu convite à coalizão internacional.
Em meio a uma grande confusão, enquanto que entre os 168 deputados presentes - dos 329 - alguns exigiam uma votação, Halboussi anunciou: "decisão adotada!", antes de se retirar.
As Brigadas do Hezbollah, a facção mais radical da Hashd, pediram no sábado aos soldados iraquianos que se afastassem "pelo menos 1.000 metros" dos locais onde os soldados americanos estão presentes neste domingo à noite, o que implica que esses locais podem ser alvos de ataques.
Uma ameaça que o secretário de Estado americano Mike Pompeo levou a sério o suficiente para denunciar no Twitter um apelo lançado por "bandidos".
O movimento xiita libanês Hezbollah, cujos homens lutam ao lado do regime sírio e de seu aliado iraniano, pediu ao Iraque que se libertasse da "ocupação" dos Estados Unidos e disse que o Exército americano "pagaria o preço" pelo assassinato de Soleimani.
O texto afirma que governo deve "se comprometer a revogar seu pedido de assistência da coalizão internacional que luta contra o Estado Islâmico devido ao fim das operações militares no Iraque e à conquista da vitória".
Homenagem a Soleimani
Uma multidão tomou as ruas de Ahvaz, no sudoeste do Irã, neste domingo (5), no primeiro de três dias de homenagem nacional ao general Qassem Soleimani, morto na última sexta-feira (3) num ataque norte-americano no Iraque.
Colocados no teto de um caminhão florido e cobertos com uma manta representando a Cúpula da Rocha de Jerusalém, os caixões de Soleimani e de Abu Mehdi al-Mouhandis, chefe militar iraquiano pró-Irã morto no mesmo ataque, percorreram lentamente o centro de Ahvaz, segundo imagens da televisão estatal iraniana.
Reação dos EUA
A morte de Soleimani, que o Irã prometeu vingar, chocou a República Islâmica e levantou temores de outra guerra no Oriente Médio.
O presidente norte-americano Donald Trump, que ordenou o assassinato do general, anunciou no sábado que os Estados Unidos selecionou 52 alvos no Irã e que os atacará "muito rapidamente e com muita força" se a República Islâmica atacar pessoal ou locais norte-americanos.
Alguns desses locais "são de alto nível e muito importantes para o Irã e para a cultura iraniana", escreveu Trump no Twitter.
"Se eles atacarem novamente, o que eu recomendo fortemente que não o façam, nós os atacaremos com mais força do que nunca!", acrescentou o presidente norte-americano.