O governo da Argentina, comandado por Alberto Fernández, não extraditará o ex-presidente boliviano Evo Morales nem seus filhos, que hoje vivem com ele em endereço desconhecido em Buenos Aires. Na quarta-feira (18), a Procuradoria da Bolívia emitiu uma ordem que obriga Evo a prestar depoimento ao Ministério Público, após uma denúncia de seu suposto envolvimento com crimes de sedição e terrorismo.
O ministro do Interior, Arturo Murillo, pediu ao Ministério Público que iniciasse uma investigação com base em um áudio no qual supostamente se escuta a voz de Evo dando instruções a um de seus partidários, o cocaleiro Faustino Yucra, para bloquear estradas e interromper o fornecimento de alimentos a algumas cidades — o objetivo seria desestabilizar o atual governo, da opositora Jeanine Añez.
A Presidência recebeu a ordem de condução coercitiva, mas lembrou que o ex-líder boliviano tem status de refugiado na Argentina, condição que o exclui das regras do acordo de extradição estabelecido entre os dois países. A chancelaria argentina afirmou que não haverá uma resposta formal ao pedido do Ministério Público boliviano e que Evo tem "imunidade e proteção diplomática".
Segundo integrantes do governo, a segurança da casa onde o boliviano vive em Buenos Aires será reforçada, para que as reuniões de Evo com representantes de seu partido, o MAS (Movimento para o Socialismo), possam continuar sendo realizadas normalmente.
Após renunciar, em 10 de novembro, pressionado pelas Forças Armadas e por manifestações nas ruas devido a suspeitas de fraudes nas eleições presidenciais que apontaram a conquista de um quarto mandato consecutivo, o boliviano foi para o México e, no último dia 12, chegou ao país sul-americano, onde obteve asilo político.