Após renunciar ao cargo no domingo (10), o ex-presidente da Bolívia Evo Morales chegou ao México na tarde desta terça-feira (12). O país concedeu asilo político ao ex-mandatário por considerar que a "vida e a integridade" de Evo correm risco na Bolívia, conforme o chanceler mexicano Marcelo Ebrard.
— O governo mexicano salvou minha vida — disse Evo, em um breve pronunciamento ao chegar ao México.
Ele estava ao lado do ex-vice-presidente Álvaro García Linera, que também renunciou.
— Graças ao México, a suas autoridades, mas também quero dizer que, enquanto eu tiver vida, continuei na política; enquanto eu estiver no trem da vida, a luta continua. E temos certeza de que os povos têm todo o direito de libertar-se — afirmou.
Evo também afirmou que seu erro é ser indígena e ter implementado programas sociais.
— Só haverá paz quando houver justiça social — defendeu.
A renúncia do ex-presidente veio na esteira de dúvidas quanto à legitimidade das eleições. Os primeiros resultados parciais da corrida presidencial apontavam a tendência da necessidade de realização de segundo turno. Mais de 20 horas após, a retomada da apuração mostrou uma mudança drástica, com a possibilidade de Morales ganhar já em primeiro turno.
O acontecimento gerou suspeitas de fraude entre a oposição e observadores internacionais. O governo boliviano solicitou à Organização dos Estados Americanos (OEA) que realizasse uma auditoria das eleições na Bolívia, mas o relatório apontou "graves irregularidades" no processo eleitoral.
No domingo (10), após a divulgação do relatório, Morales anunciou novas eleições. Sem conseguir aplacar a ira da oposição e das milícias organizadas por líderes regionais, durante o dia, ele enfrentou uma avalanche de renúncias de altos integrantes do governo, e acabou renunciando após ser pressionado por militares e policiais.