Após renunciar ao cargo no domingo (10), o ex-presidente Evo Morales deixou a Bolívia na madrugada desta terça-feira (12) e partiu rumo ao México, onde recebeu asilo político. A partida do líder indígena foi confirmada pelo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, que postou uma foto do ex-presidente em um avião.
"O avião da Força Aérea Mexicana já decolou com Evo Morales a bordo. De acordo com as convenções internacionais atuais, está sob a proteção do México. Sua vida e integridade estão seguras", escreveu o ministro de Relações Exteriores.
Evo Morales já havia anunciado sua partida para o país na segunda-feira (11). Em sua conta do Twitter, o ex-presidente lamentou deixar a Bolívia "para preservar a nossa vida" e agradeceu o governo mexicano pelo asilo.
"Irmãs e irmãos, parto rumo ao México, agradecido pelo desprendimento do governo desse povo irmão que nos deu asilo para preservar nossa vida. Dói-me abandonar o país por razões políticas, mas sempre estarei ao seu lado. Logo voltarei com mais força e energia", escreveu o ex-presidente no Twitter.
Centenas de apoiadores de Morales seguiam na segunda-feira de El Alto para La Paz, enquanto moradores da capital se organizavam para defender seus bairros do avanço.
Indefinição no poder
A renúncia de Morales — sob pressão das Forças Armadas, da polícia e da oposição, que exigiram que ele deixasse o cargo que ocupava desde 2006 —, deixou um vácuo de poder como resultado de três semanas de protestos desencadeados por eleições supostamente irregulares.
A futura presidente interina da Bolívia, segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Añez, disse que serão convocadas eleições, para que "em 22 janeiro já tenhamos um presidente eleito".
Em meio à indefinição, a polícia deteve 33 juízes eleitorais por ordem da Procuradoria boliviana, com base na auditoria da OEA sobre as eleições de 20 de outubro, impugnadas pela oposição e pelo organismo regional com sede em Washington. A secretaria geral da OEA se manifestou nesta segunda-feira contra "qualquer saída inconstitucional" e pediu ao Poder Legislativo que organize novas eleições.