Na noite desta quinta-feira (10), o presidente norte-americano Donald Trump minimizou os relatos sobre o fato de que os Estados Unidos deixaram de lado o pleito do Brasil para ingressar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo ele, a reportagem da Bloomberg que citava uma carta na qual Argentina e Romênia seriam priorizados em detrimento do Brasil não passa de "fake news".
"Essa declaração que eu lancei com o presidente Bolsonaro em março deixa absolutamente claro que eu apoio que o Brasil comece o processo para ser membro integral da OCDE. Os Estados Unidos apoiam essa declaração e estão juntos com Jair Bolsonaro. Esse artigo é FAKE NEWS!", afirmou Donald Trump.
Mais cedo, a embaixada norte-americana no Brasil havia afirmado que os EUA mantêm o apoio ao Brasil como membro da OCDE, mas ponderou que isso precisa do apoio de todos os demais membros.
"A declaração conjunta de 19 de março do presidente Trump e do presidente Bolsonaro afirmou claramente o apoio ao Brasil para iniciar o processo para se tornar um membro pleno da OCDE e saudou os esforços contínuos do Brasil em relação às reformas econômicas, melhores práticas e conformidade com as normas da OCDE. Continuamos mantendo essa declaração", diz a nota divulgada pelo Departamento de Estado americano.
"Apoiamos a expansão da OCDE a um ritmo controlado que leve em conta a necessidade de pressionar as reformas de governança e o planejamento de sucessão [...] Todos os 36 países membros da OCDE devem concordar, por consenso, com o calendário e a ordem dos convites para iniciar o processo de adesão à OCDE."
Compromisso com o Brasil
Em 16 de setembro após encontro em Washington entre Pompeo e o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, o Departamento de Estado americano emitiu uma nota em que reafirmava "o apoio contínuo dos EUA à adesão do Brasil à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em consonância com as declarações do presidente Trump em março de 2019."
O apoio americano ao Brasil na OCDE foi um dos principais compromissos firmados na visita de Bolsonaro à Casa Branca, em março, e contou com a contrapartida brasileira de abrir mão do tratamento especial dado a países emergentes na OMC (Organização Mundial do Comércio). Na ocasião, o aparente acordo foi visto como uma vitória da diplomacia brasileira.
Integrantes do governo americano afirmaram nesta quinta-feira (10) que os EUA se comprometeram a apoiar Argentina e Romênia antes das conversas com o Brasil e que por isso estão seguindo esse cronograma.
Diplomatas brasileiros, por sua vez, ressaltam que a carta de Pompeo não sinaliza que os EUA desistiram completamente de apoiar a entrada do Brasil na OCDE, mas mostram decepção com a falta de engajamento e preferência do governo Trump.
Em maio, o diretor-geral da OCDE, Ángel Gurría, já havia sinalizado que Argentina e Romênia iniciariam com o plano de adesão até setembro, antes do Brasil, e os EUA também haviam deixado claro que são contrários à maior ampliação da OCDE.
A formalização do apoio americano às candidaturas que não do Brasil foi uma decisão política, e não burocrática, dizem pessoas que participaram das negociações, e a tentativa do governo brasileiro agora é suavizar a sensação de uma derrota diplomática.
"Nada muda com a carta do secretário americano. O que a própria OCDE defende é um ritmo gradual para acesso de novos membros (e Argentina e Romênia encaminharam sua entrada antes que o Brasil). A carta de Mike Pompeo é uma resposta à OCDE, que questionou o apoio de Donald Trump ao Brasil, enquanto a Argentina já estava no processo antes que o Brasil", afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no Twitter.