O líder indígena Raoni participará do festival francês Climax, na cidade de Bordeaux (sudoeste), dedicado este ano à Floresta Amazônica.
"Quando escolhemos o tema do nosso festival para 2019, [Jair] Bolsonaro ainda não era presidente, mas ele subia nas pesquisas", explicou Philippe Barre, fundador do Ecossistema Darwin, que organiza o festival pelo sexto ano consecutivo.
"Pensamos que outra grande democracia estava caindo no populismo reacionário, e que tínhamos que mostrar nosso apoio aos povos indígenas. Infelizmente, hoje a realidade nos prova que estávamos certos", acrescentou Barre.
A maior floresta tropical do mundo sofre com incêndios há várias semanas, que, segundo especialistas, são causados principalmente pelo desmatamento, que progrediu rapidamente no Brasil desde a chegada de Bolsonaro ao poder.
Raoni, que conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a Amazônia no final de agosto, está em Bordeaux acompanhado por uma delegação de líderes indígenas dessa região.
"Não aceito que se continue matando os povos indígenas do Brasil, que continue o garimpo ilegal na floresta", disse o líder Kayapo, de 89 anos.
Ao seu lado, Kaiulu, representante das mulheres do povo Xingu, lançou um chamado vibrante.
"Peço ao mundo que nos ajude: a floresta é nossa casa, nosso supermercado, nossa farmácia. Se morrer, morreremos. No Brasil, não somos livres para falar como aqui. Esse governo (brasileiro) diz que estamos ficando para trás no desenvolvimento, mas isso não é verdade".
Declarado cidadão honorário de Bordeaux nesta quarta-feira (4), Raoni dará seu testemunho no sábado, após uma conferência sobre o "desenraizamento das sociedades modernas". O sociólogo Edgar Morin e o ex-ministro da Ecologia Nicolas Hulot participarão do evento.
O Climax é um festival de música, artes e cultura, que tem o meio ambiente como temática de fundo. Até domingo, estão previstos shows, conferências, projeções e apresentações artísticas, informam os organizadores.
* AFP