A Guarda Revolucionária do Irã anunciou nesta sexta-feira (19) ter confiscado um navio-petroleiro britânico, o "Stena Impero", no estreito de Ormuz. O barco foi abordado pela força naval por "desrespeito ao código marítimo internacional", "a pedido da autoridade portuária e marítima da província de Hormozgan", segundo um comunicado do Sepahnews, site oficial da Guarda.
O "Stena Impero" foi conduzido "para a costa depois da captura e entregue às autoridades para o procedimento legal e a investigação", diz o comunicado.
O anúncio da apreensão ocorreu horas depois de a Justiça de Gibraltar ter decidido prorrogar a detenção do petroleiro iraniano "Grace 1" por 30 dias. A embarcação foi detida em 4 de julho pelas autoridades de Gibraltar, território ultramarino britânico situado no extremo sul da Espanha, sob suspeita de querer entregar combustível para a Síria, em uma violação das sanções impostas pela União Europeia (UE) a Damasco.
Teerã negou a acusação e denunciou um ato de pirataria contra a embarcação que transportava 2,1 milhões de barris de petróleo bruto.
Na quarta-feira (17), o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que o país não deixaria "essa maldade sem resposta".
— Responderemos em um momento e local adequados — adicionou, sem mais explicações.
Sem contato com o navio
O proprietário sueco da embarcação confiscada nesta sexta-feira (19) confirmou ter perdido contato com o Stena Impero após um "ataque" no estreito de Ormuz.
"Nosso navio, 'Stena Impero', foi atacado por pequenas aeronaves e um helicóptero não identificados quando transitava pelo estreito de Ormuz, em águas internacionais", informou a companhia Stena Bulk em um comunicado. "Somos incapazes atualmente de contatar o navio, que navega rumo ao norte, em direção ao Irã", acrescentou.
O serviço de rastreamento de petroleiros, Marine Traffic, mostrou que o navio petroleiro indicou pela última vez sua localização perto da ilha de Larak, às 21h (16h30min GMT).
Repercussão
Um porta-voz do governo britânico afirmou que o Reino Unido está "buscando urgentemente mais informação e avaliando a situação após as notícias de um incidente no Golfo".
Além disso, por conta do ocorrido, os Estados Unidos denunciaram a "escalada de violência" do Irã.
"Essa é a segunda vez em uma semana que o Reino Unido foi objeto da escalada violenta do regime iraniano", escreveu em comunicado o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Garret Marquis.
A Guarda já tinha se apoderado de outro navio petroleiro na quinta-feira (18), sem especificar o nome da embarcação ou qual seria sua bandeira. Mais cedo a organização especializada em monitorar carregamentos de petróleo, TankerTrackers, tinha relatado que um petroleiro de bandeira panamenha, de nome Riah, entrou em águas iranianas em 14 julho.
A última posição conhecida do Riah foi no Estreito de Ormuz, na ilha de Qeshm, localizada a menos de 6 milhas náuticas (11 km) a oeste de Lark.
Pouco antes do novo incidente acontecer, o presidente americano Donald Trump reiterou que seus militares haviam derrubado um drone iraniano que se aproximava de um navio americano no estreito de Ormuz. Além disso, ele advertiu aos iranianos que não fizessem nada "estúpido", afirmando que pagariam caro por isso.
Tensões
As tensões entre Irã e Estados Unidos voltaram a emergir em 2018, depois de Trump se retirar do acordo internacional para controlar o programa nuclear iraniano, considerando-o muito bom com Teerã, e reimpôs sanções.
Washington tem reforçado sua presença militar no Golfo, acusando o Irã de estar por trás de atos de sabotagem contra quatro barcos-cisterna próximos ao estreito de Ormuz em maio, e de dois ataques de origem desconhecia em meados de junho contra dois petroleiros — um japonês e outro norueguês —ao largo da costa iraniana no Golfo de Omã.
Teerã nega as acusações.