A Suprema Corte de Gibraltar decidiu, nesta sexta-feira, prolongar por 30 dias a retenção do petroleiro iraniano "Grace 1" em meio a fortes tensões diplomáticas com Teerã, informou o procurador-geral deste território britânico no sul da Espanha.
A embarcação foi interceptada em 4 de julho pelas autoridades de Gibraltar sob suspeita de estar dirigindo sua carga para a Síria, o que violaria o embargo ocidental contra o regime de Bashar al-Assad.
Desde então, quatro oficiais da tripulação foram detidos e interrogados pela polícia local, que os libertou sem acusação.
Teerã nega as acusações e descreve como "pirataria" a captura do navio carregado com 2,1 milhões de barris de petróleo.
Embora o Irã tenha exigido sua libertação imediata, a justiça de Gibraltar estendeu a primeira retenção do navio, que expirou nesta sexta-feira.
Antes da decisão judicial, o chefe de governo de Gibraltar, Fabian Picardo, havia revelado ao Parlamento uma reunião em Londres com autoridades iranianas "com a intenção de buscar o desescalada da tensão em todas as frentes desse problema".
"Esperamos continuar a trabalhar de forma construtiva e positiva com as autoridades da República Islâmica do Irã para facilitar a libertação do 'Grace 1'", disse ele.
A interceptação do petroleiro intensificaas tensões entre o Irã e as potências ocidentais, especialmente entre os Estados Unidos e o Reino Unido.
Washington retirou-se em 2018 do acordo nuclear fechado em 2015 entre Irã e seis grandes potências e restabeleceu o regime de duras sanções contra Teerã.
Enfraquecido desde então, o acordo também é ameaçado por anúncios do país persa que, em resposta à retirada de Washington, começou a violar alguns de seus compromissos.
A tensão se traduz em numerosos incidentes no Golfo, região por onde passa um terço do transporte marítimo de petróleo no mundo.
Na quinta-feira, a Guarda Revolucionária iraniana anunciou a prisão de um "petroleiro estrangeiro", suspeito de "contrabando" para o Golfo.
Washington, por sua vez, anunciou que destruiu um drone iraniano no Estreito de Ormuz, mas Teerã nega o ataque.
* AFP