Caracas e várias outras regiões da Venezuela ficaram sem luz na noite de terça-feira (9), na véspera de uma nova jornada de protestos convocada pelo líder opositor Juan Guaidó contra o colapso dos serviços básicos e para pressionar o presidente Nicolás Maduro.
O apagão, o maior em uma semana, começou às 23h20min local (0h20min Brasília) e afetou Caracas e pelo menos 20 dos 23 Estados do país, de acordo com relatos de venezuelanos nas redes sociais. Uma hora depois do corte, a luz começou a voltar em algumas zonas da capital.
O governo e a estatal Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec) não deram qualquer explicação sobre as causas ou o alcance da nova queda de energia. "O Estado-Maior Elétrico", entidade criada para enfrentar a crise, "está trabalhando para restabelecer o serviço", informou o canal estatal VTV durante a madrugada. Pouco depois do corte, o site de monitoração Netblock.org informou que a energia elétrica estava disponível em apenas 10% do território.
Desde 7 de março, quando um apagão deixou quase toda a Venezuela sem energia por cinco dias, o país registrou cortes de energia consecutivos, que afetam o fornecimento de água, transportes e serviços de telefonia e internet.
O governo de Nicolás Maduro afirma que os apagões são provocados por ataques "eletromagnéticos, cibernéticos e físicos" contra a central hidroelétrica de Guri, que produz 80% da energia consumida no país, e acusa os Estados Unidos de estar por trás do problema para gerar caos entre a população.
Embora não desta magnitude, as falhas elétricas são habituais na Venezuela há anos. A oposição e especialistas apontam como causas a deterioração da infraestrutura por falta de investimentos e imperícia técnica. Os cortes abruptos danificaram os sistemas de bombeamento de água e geraram uma falha generalizada no abastecimento.
O governo anunciou há alguns dias um plano de racionamento de energia elétrica que exclui Caracas, depois que os apagões obrigaram o regime a suspender as aulas temporariamente e a reduzir o horário de trabalho.
O novo apagão acontece em meio à disputa de poder entre Maduro e Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro. Guaidó, reconhecido como presidente encarregado por mais de 50 países, convocou para esta quarta-feira (10) uma nova jornada de protestos para tirar Maduro do poder, sob o lema "Não vamos nos costumar", parte de sua "operação liberdade", com a qual busca destituir Maduro.