O líder da oposição, presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado chefe de Estado da Venezuela Juan Guaidó teve cassada a sua imunidade parlamentar nesta terça-feira (2). O julgamento foi realizado pela Assembleia Constituinte do país, organismo reconhecido pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro como poder legislativo legítimo.
A Assembleia Constituinte venezuelana foi escolhida em 2017, sob protestos da oposição e de diversos países — entre eles o Brasil, que solicitou que a Assembleia não fosse instalada. O objetivo de Maduro foi reduzir os poderes da Assembleia Nacional do país, de maioria oposicionista, que teve as suas decisões anuladas pela Suprema Corte em março de 2017.
Na ocasião, Maduro afirmou que o legislativo venezuelano estava "em desacato" por ter dado posse a três parlamentares que estavam sendo investigados por fraude. A Suprema Corte também é controlada pelo governo de Nicolás Maduro.
Diosdado Cabello, considerado o "número 2" de Maduro, preside a Assembleia Nacional. Ele foi o responsável pelo encaminhamento da votação. No final da noite desta terça-feira (2), ele proclamou o resultado, no qual os deputados votaram "por unanimidade" autorizar o prosseguimento de um processo penal contra Juan Guaidó. A acusação contra Guaidó é de "usurpação de funções".
Guaidó reagiu à situação advertindo que agora "eles podem tentar me sequestrar".
— Vocês sabem como atua o regime. Isso não é nem perseguição, isso é inquisição — disse o líder da oposição, que ignorou a decisão da Suprema Corte e da Assembleia Constituinte por considerá-las inconstitucionais.
— Não tem competência para me cassar ou para me inabilitar. Devemos falar as coisas como são.