Sindicatos, trabalhadores, estudantes e organizações sociais da Argentina se manifestam nesta quinta-feira (4) em Buenos Aires contra as "políticas de ajuste" do governo de Maurício Macri, de quem exigem uma mudança de curso econômico em um ano marcado pelas eleições presidenciais de outubro.
A manifestação foi convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), o maior centro de trabalhadores alinhado com a oposição peronista, à qual se unem outros sindicatos e mais centrais militantes que pedem uma quarta greve geral contra Macri.
Sob o lema "Marcha pela unidade, produção e trabalho argentino", a mobilização da CGT se dirigiu para a avenida 9 de Julho, no centro de Buenos Aires, e a Plaza de Mayo, em frente a sede do governo.
O protesto faz parte de um clima social conflituoso, com um governo determinado a fazer os cortes em investimentos públicos para alcançar este ano um déficit zero, prometido ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber uma assistência financeira de US$ 56 bilhões até 2020.
Modelo diferente
— Temos que ir em frente e pedir uma proposta alternativa e um modelo diferente para o país — disse Hector Daer, secretário-geral da CGT. Ele defende a formação de "uma frente de oposição" para confrontar a aliança dominante Cambiemos (centro-direita) nas eleições presidenciais de outubro.
— Vamos na mesma direção, o mais rápido possível — afirmou na semana passada o presidente Macri sobre a reeleição em um comício que contou com a participação do escritor peruano Mario Vargas Llosa.
Inflação alta, colapso da indústria e mais pobreza
Em três anos de governo, Macri não conseguiu controlar a inflação, que foi a 47,6% em 2018, a segunda maior da América Latina e entre as 10 mais altas do mundo e que acumulou 6,7% nos dois primeiros meses do ano. O país registrou uma queda acentuada no consumo e um colapso da indústria, que sofre uma das piores crises da última década e opera com metade de sua capacidade instalada.
Soma-se a isso o aumento incessante de custos e tarifas de serviços públicos, com aumento do desemprego (9,1% no último trimestre de 2018) e a pobreza, que no ano passado subiu de 25,7% para 32%.
Dezenas de protestos setoriais ocorrem quase diariamente em Buenos Aires, mas tornam-se mais relevantes quando são convocados pela CGT, que reúne os grandes sindicatos industriais e outros setores são adicionados.
Pequenas e médias empresas industriais, comércio e serviços também se uniram ao movimento "em defesa do trabalho e da produção".
Osvaldo Cornide, líder da Confederação Argentina de Empresas de Médio Porte (CAME), afirma em comunicado que "as PMEs estão passando por um período de extrema gravidade, e todos os dias vemos centenas de pequenas empresas fechando e demitindo trabalhadores"
— Na Argentina há uma combinação letal e perversa de tarifas impagáveis, mercado interno destruído como resultado de salários perdidos dia após dia devido à inflação, demissões em massa que afastam pessoas do mercado como consumidores, abertura indiscriminada de importações, interesse desequilibrado e pressão fiscal impraticável — afirma o texto da CAME.