O presidente americano Donald Trump confirmou, nesta quinta-feira (3), que "reembolsou" seu advogado pelo acordo feito com a estrela pornô Stormy Daniels. O objetivo era fazer com que a atriz se mantivesse em silêncio sobre sua relação com o presidente. Trump garantiu que não houve recursos de campanha envolvidos.
O presidente americano publicou uma série de tuítes — que contradizem suas negações anteriores — depois que o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, mais novo membro de sua equipe de advogados, ter garantido que o presidente devolveu a seu advogado Michael Cohen os US$ 130 mil que haviam sido pagos à atriz.
Cohen "recebeu uma antecipação mensal, que não era da campanha e não tinha nada a ver" com ela, "por meio de um reembolso" pelo acordo de confidencialidade que envolve Stormy Daniels, tuitou Trump.
"O acordo foi usado para deter as acusações falsas e extorsivas feitas por ela sobre um romance, apesar de já ter assinado uma carta detalhada, admitindo que não havia qualquer romance", acrescentou Trump.
A atriz, cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford e que alega ter mantido uma relação íntima com Trump de 2006 a 2007, apresentou uma ação em Los Angeles para que esse acordo seja declarado inválido.
"Antes de ser violado pela sra. Clifford e por seu advogado, se tratava de um acordo privado. O dinheiro ou as contribuições de campanha não tiveram papel algum nessa transação", escreveu.
Acordos muito comuns
Clifford assinou o acordo de silêncio dias antes da eleição presidencial de novembro de 2016, da qual Trump saiu vitorioso. Esses contratos, legais, são usados com frequência por homens poderosos para silenciar romances, assédio no trabalho ou até casos de abuso sexual.
"Esses acordos são muito comuns entre as celebridades e as pessoas com dinheiro. Neste caso, está em plena vigência e será usado em arbitragem por danos e prejuízos contra a sra. Clifford", garantiu Trump, nesta quinta, em outro tuíte.
Em 5 de abril, Trump havia respondido com um categórico "não", quando foi questionado sobre se sabia do pagamento feito por seu advogado e até garantiu desconhecer os motivos.
— Você tem de perguntar a Michael Cohen. Michael é meu advogado. Tem de perguntar ao Michael— desconversou.
Consultado sobre se sabia de onde vinha o dinheiro, Trump disse aos jornalistas no Air Force One:
—Não, não sei.
O grupo de vigilância Common Cause apresentou uma demanda federal em janeiro, argumentando que o pagamento pode ter violado as regras de financiamento de campanha, já que é uma contribuição destinada a evitar informações prejudiciais na imprensa.
Na quarta-feira, Giuliani informou sobre o reembolso a Cohen por parte do presidente, em declarações à rede Fox News. Ele acrescentou que esse pagamento não representou uma violação das normas que regem o financiamento das campanhas políticas porque "não se tratava de dinheiro de campanha".
—Foi perfeitamente legal — disse ele ao apresentador Sean Hannity.
Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Giuliani disse ainda que Trump "não estava provavelmente a par" no momento do pagamento feito por Cohen, dada a preocupação deste último com "resolver o caso de uma maneira discreta".
Giuliani garantiu ao jornal dispor de documentos que demonstram que Trump reembolsou o advogado, o que, afirmou, "elimina a possibilidade de vulneração de financiamento de campanha".
US$ 35.000 por mês
De acordo com Giuliani, Trump entregou a Cohen entre US$ 460 mil e US$ 470 mil para repor a quantia paga à atriz pornô, além dos "gastos adicionais"
— Algum tempo depois do fim da campanha, organizaram um reembolso, US$ 35 mil por mês, procedentes da conta pessoal de sua família — disse.
"Meses atrás, havíamos advertido que se provaria ao povo americano que foi enganado sobre o pagamento dos US$ 130 mil e sobre o que Trump sabia", reagiu no Twitter o advogado da atriz, Michael Avenatti. "Todo americano, não importa quais sejam suas opiniões políticas, deveria se sentir escandalizado", acrescentou.
Na segunda-feira (30), Daniels também entrou com uma ação contra Trump por difamação, depois que ele negou sua afirmação de que havia sido ameaçada por um homem que representava o presidente em 2011. Já Cohen, o advogado de Trump, também tem seus próprios problemas legais.
O FBI (a Polícia Federal americana) revistou sua residência e seu escritório no início de abril e apreendeu documentos e outros materiais ligados a uma investigação criminal. As autoridades não deram detalhes sobre o suposto envolvimento do advogado.