A Cambridge Analytica, acusada de ter utilizado com fins políticos os dados de 50 milhões de usuários do Facebook, teve um "papel crucial" na votação a favor do Brexit, de acordo com o delator do escândalo, Christopher Wylie. Questionado se os britânicos teriam aprovado o Brexit em 2016 sem a Cambridge Analytica, Wylie foi direto na sua resposta:
— Não. A CA desempenhou um papel crucial, tenho certeza — respondeu o ex-diretor de pesquisas da empresa britânica, em uma entrevista publicada nesta terça-feira (27), pelo jornal francês Libération, que entrevistou Wylie ao lado de outros jornais europeus, como Le Monde, El País e Die Welt.
A principal fonte do escândalo afirma que a AggregateIQ (AIQ), uma empresa canadense, trabalhou com a Cambridge Analytica para que a campanha a favor da saída da UE, a "Leave-EU", superasse o limite de gastos permitido.
Para Wylie, sem a AggregateIQ, o campo do "Leave" não teria conseguido vencer o referendo, que foi decidido por uma diferença de menos de 2% dos votos.
O ex-funcionário da Cambridge Analytica defende reparos ao Facebook, ao invés de apagar a rede social, de acordo com o Le Monde.
—Se tornou impossível viver sem estas plataformas, mas devem ser regulamentadas —disse.
Wylie também mencionou as circunstâncias preocupantes de sua contratação em 2013 pela SCL, matriz da Cambridge Analytica, que ele mesmo ajudou a criar. Ele disse que descobriu depois de algum tempo que seu antecessor morreu em condições inexplicáveis em um quarto de hotel de Nairóbi, quando trabalhava para Uhuru Kenyatta, atual presidente do Quênia, segundo o jorna francês Le Monde.
Christopher Wylie reafirmou ainda o envolvimento na empresa britânica de Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump e ex-diretor do Breitbart, site de referência para a extrema-direita americana.
Ele disse que o americano visitava Londres pelo menos uma vez por mês e que sua chegada à empresa contribuiu para que deixasse a CA, segundo o Libération.