Um canadense de 28 anos, piercing no nariz e cabelo pintado de cor de rosa virou personagem central do escândalo que envolve o uso de perfis do Facebook para influenciar o resultado de votações nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Gay, vegano e nerd especializado em ciência de dados, Christopher Wylie primeiro idealizou o conceito que deu origem à consultoria Cambridge Analytica, depois descobriu como ter acesso a dados de 50 milhões de perfis do Facebook e, por fim, denunciou como essas práticas ajudaram a influenciar eleitores, colaborando com a devastadora investigação jornalística do New York Times e do Guardian. Wylie afastou-se da empresa de consultoria política em 2014.
— Regras não têm importância para eles. Para eles, era uma guerra e valia tudo — afirmou ele, em entrevista ao Guardian.
Com apenas 24 anos, Wylie atuou na Cambridge Analytica, criando o que ele chamou de "uma ferramenta de guerra psicológica para ferrar mentes". Ele foi localizado pelo Guardian no Canadá, para onde havia retornado, "culpado, meditativo, indignado e confuso", segundo a repórter Carole Cadwalladr.
Ele contou que foi a consciência pesada que o levou a ajudar na denúncia do caso, revelando aos jornalistas como funcionava a Cambridge Analytica e fornecendo documentação sobre o assunto.
— Fiz algo de que me arrependo. Foi um experimento grosseiramente antiético, porque significa brincar com a psicologia de uma nação inteira sem o consentimento ou a conscientização das pessoas.