Uma comissão parlamentar britânica solicitou o comparecimento do fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckeberg, para esclarecer o uso ilícito de informação pessoal de usuários da rede social supostamente empregado pela empresa Cambridge Analytica.
— Chegou o momento de escutar um alto executivo do Facebook com autoridade suficiente para explicar este grande fracasso — disse Damien Collins, o deputado que preside o comitê, na convocatória dirigida a Zuckerberg.
— O comitê perguntou insistentemente ao Facebook como as empresas adquirem e retêm informação dos usuários, e em particular se pegam seus dados sem seu consentimento — explicou Collins. —As respostas de seus representantes subestimaram consistentemente este risco e foram enganosas — narrou o deputado.
Segundo a investigação realizada pelos jornais The New York Times e The Observer (a edição dominical do jornal britânico The Guardian), a Cambridge Analytica usou dados de milhões de usuários de Facebook, sem seu consentimento, com os quais teria criado um programa destinado a prever e influenciar o voto dos eleitores.
O interesse nas atividades de Cambridge Analytica foi redobrado após a transmissão no domingo de um reportagem do Channel 4 na qual os diretores ofereciam a um jornalista que se fez passar por cliente potencial desacreditar seus rivais políticos envolvendo-os com prostitutas ou subornos, por exemplo.
Investigação
Chefe do Escritório do Comissariado de Informação, órgão regulador de privacidade do Reino Unido, Elizabeth Denham, disse que vai pedir a um tribunal do país que emita um mandado para que as autoridades façam buscas nos escritórios da Cambridge Analytica.
A Comissária da Informação confirmou que está investigando a Cambridge Analytica por conta da suspeita de ter usado dados pessoais para influenciar as eleições norte-americanas. Ela disse ainda que exigiu acesso aos bancos de dados e servidores da empresa. Elizabeth disse que está analisando se os dados pessoais foram adquiridos de forma "não autorizada", se havia consentimento suficiente para compartilhar os dados, o que foi feito para protegê-lo e como o Facebook atuou quando descobriu a perda dos dados.
A divulgação da investigação, no entanto, foi criticada pela oposição, que considerou que isso deveria ter sido feito "de forma rápida e silenciosa", para não dar tempo de a empresa esconder ou disfarçar dados e registros necessários à investigação.
* AFP