Entre os investigados pelo Ministério Público por supostos crimes cometidos contra o Inter na gestão 2015/2016, dois ex-dirigentes colorados não constaram entre os denunciados à Justiça: Marcelo Castro, ex-vice-presidente jurídico, e Alexandre Limeira, ex-vice-presidente de administração.
No caso de ambos, o Procedimento Investigatório Criminal (PIC) segue em andamento, com o aprofundamento de apurações e provável realização de novas diligências. Não há prazo para término do trabalho.
Há fatores diversos que contribuem para o prolongamento das investigações contra Castro e Limeira, entre eles as chamadas "condutas mais abrangentes", o que significa que teriam praticado atos delituosos para além da gestão do Inter. Nestes casos, o Inter teria sido o princípio de um fio que, puxado pela apuração, desvelou outros cenários suspeitos. Além disso, sobretudo quanto a Castro, existe uma quantidade grande de material apreendido em quebras de sigilo bancário, telefônico e telemático.
O volume de transações bancárias está demandando maior tempo para análise completa do conteúdo. O Ministério Público não descarta que, em determinadas situações, as condutas de Castro e Limeira possam se mesclar. A dupla foi alvo de busca e apreensão em dezembro de 2018 em endereços residenciais e profissionais. Veja abaixo os supostos crimes que seguem em apuração a respeito de Castro e Limeira.
Marcelo Castro
Vice-presidente jurídico entre janeiro e agosto de 2015, Marcelo Domingues de Freitas e Castro teria orquestrado um esquema para se apropriar de dinheiro referente a indenizações de jogadores. Segundo o MP, ele firmaria acordos com atletas para encerrar ações trabalhistas contra o clube, ainda em primeiro grau, fato raro no âmbito de entidades esportivas. Pelo acerto, o Inter se comprometeria a pagar um valor que agradava ao atleta, mas ele tinha de devolver parte do montante. Entre os casos apurados, estão os de Danny Morais e do ex-atacante Christian. O dinheiro entraria em contas de empresas ligadas a Castro, como a Argos. Foi verificado que uma destas empresas atreladas ao ex-vice-presidente Jurídico fez depósitos para Alexandre Limeira, Carlos Pellegrini e Vitorio Piffero – os últimos dois já denunciados –, alguns antes mesmo de assumirem a gestão.
Alexandre Limeira
Para o Ministério Público, Alexandre Silveira Limeira, então vice-presidente de administração, era operador financeiro dos investigados. Uma empresa dele seria usada como intermediária de recursos repassados para outros dirigentes. Transferências teriam ocorrido antes mesmo de Piffero assumir o clube, em 2015. O dinheiro seria originário de um empresário de atletas. Depois da posse de Piffero, esse mesmo empresário teria a preferência do clube em pelo menos uma contratação. Agora, o que está em apuração é a hipótese de condutas delituosas de Limeira terem sido executadas em conluio com Marcelo Castro, ex-vice-presidente Jurídico.