Barcos do projeto Remar para o Futuro foram transportados do centro de treinamento dos atletas para um espaço próximo, durante a tarde desta segunda-feira (21). Diferentemente de outros momentos, quando foram utilizados para atividades na água, nesta terça-feira (22), farão parte da composição do velório coletivo de nove pessoas, oito delas participantes da iniciativa de Pelotas, no sul do Estado.
Van em que eles voltavam de competição foi atingida por carreta na BR-376, em Guaratuba, no Paraná, na noite de domingo (20). Morreram sete atletas jovens, com idades entre 15 e 20 anos, o treinador do grupo e o motorista do coletivo. Um adolescente, de 17 anos, e o motorista do veículo de carga tiveram ferimentos. A polícia investiga o que ocorreu na rodovia.
O local onde acontecerá a cerimônia — Centro Português — foi nesta segunda o ponto de encontro de pessoas próximas ao projeto, amigos e familiares das vítimas, que ali passaram o dia entre momentos de choro, apoio mútuo e consternação.
— Estamos vivendo a dor da perda. O dia foi intenso, estamos começando a sentir o vazio, mas sabemos que ainda há bastante coisa pela frente — disse Verônica Diedrich, uma das criadoras do projeto e ex-esposa de Oguener Tissot, 43 anos, coordenador e uma das vítimas do acidente.
Verônica foi uma das líderes no contato com familiares, no trato da parte burocrática após a tragédia e organização da logística do recebimento dos corpos, do velório e do enterro.
Paulo Gustavo Daunis, 52, que trabalhou por dois anos com a iniciação de atletas, passou o dia no local. Ele estava em casa, quando, por volta das 7h, recebeu uma ligação que lhe informou do acidente.
— É desesperador você receber uma notícia de um grupo de atletas jovens que perdeu a vida da maneira como ocorreu. Nenhum pai ou mãe merece passar por um momento assim — afirmou.
Professor da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Flaviano Moreira da Silva, 42, faz parte do projeto desde o início. Os atletas do Remar para o Futuro recebem cuidados na instituição por meio de uma parceria com o curso de Fisioterapia. Parte das vítimas esteve na universidade para se preparar para a competição em São Paulo.
— O projeto é uma grande família. Há muitas pessoas envolvidas e contribuindo para que funcione. O que aconteceu deixou de luto toda uma comunidade — pontuou.
Edson Ucker, 45, aproximou-se da iniciativa porque a filha passou a frequentar as aulas. Segundo ele, quando podia, ajudava no transporte dos atletas e equipamentos, além de participar em serviços para a manutenção do espaço.
— Vejo que minha filha está bem, e isso é um alívio, mas é difícil saber que os pais desses jovens não vão poder ver seus filhos com vida outra vez — disse.
Segundo a prefeitura de Pelotas, o planejamento é que os corpos cheguem ao município entre o fim da madrugada e início da manhã desta terça-feira. Não há, porém, um horário definido para que isso ocorra. O transporte será feito pela Força Aérea Brasileira desde Curitiba, no Paraná, onde os corpos estão, até o aeroporto de Pelotas.
O velório das nove vítimas será na sede campestre do Centro Português, ainda sem horário definido. O local de enterro será organizado de forma individual por cada família.