Uma nova projeção meteorológica da Sala de Situação do governo do Estado indica que o Rio Taquari não deverá igualar o patamar das enchentes do ano passado. Havia a expectativa de o rio atingir a cota de 28 metros em Estrela e Lajeado nesta terça-feira (18), o que se equipararia à marca da cheia de novembro e um metro menor que a de setembro. No entanto, o tempo seco registrado nesta terça-feira (18) e a previsão de um volume menor de chuva fazem com que essa possibilidade seja descartada.
A região ainda vive as sequelas da maior enchente da sua história, no início de maio, em que o Rio atingiu a marca de 33,5 metros. Cerca de 70 famílias que haviam retomado para suas residências foram retiradas novamente, após uma nova elevação, que chegou ao pico de 24m11cm às 21h45min de segunda-feira (18), com o nível entrando em declínio desde então.
Com o recuo das águas durante a madrugada foi possível liberar o tráfego da ponte de ferro que liga Lajeado e Arroio do Meio. A estrutura havia sido fechada na noite anterior. Já a passadeira, que também une as duas cidades, segue desmontada.
Apesar disso, o volume segue acima da cota de inundação. Com o possível repique da chuva entre a terça e a quarta (19) na região da serra gaúcha e norte do Estado, o Rio Taquari deverá voltar a subir e atingir até 25 metros, conforme as previsões.
— Com essa mudança, aquela previsão de 28 metros foi afastada. Mas seguimos monitorando, pois se trata de uma previsão — afirma o coordenador da Defesa Civil Gilmar Queiroz.
Os moradores seguem orientados a não retornarem para a casa, já que o rio segue acima da cota de inundação. Várias ruas do centro de Lajeado e municípios vizinhos continuam inundadas.
Apreensão da população
A possibilidade de chuva tem criado fobia na população do Vale do Taquari. Em Cruzeiro do Sul, um dos municípios mais afetados da região, pessoas que vivem em áreas mais altas estavam apreensivas com um possível novo avanço das águas.
— É tanto pânico que qualquer chuvinha a gente já acha que vai vir de novo o pior. Nós pensamos que vinha de novo. Já estávamos arrumando as coisas pra sair — conta a aposentada Lorena de Oliveira França.
Em meio à incerteza sobre as condições meteorológicas, Cruzeiro do Sul tenta se recuperar da tragédia. Muitos estabelecimentos seguem fechados, e moradores deixaram a cidade.
No bairro Passo de Estrela a devastação toma conta da área que antes era ocupada por casa, mas se tornou uma área descampada. Ricardo José Lenhart está afastado do trabalho devido a um acidente, e caminha diariamente pela área afetada. Ele foi a única pessoa vista pela reportagem na parte atingida do bairro na manhã desta terça-feira.
— É uma tristeza passar por aqui todo dia, lembrar dos amigos e conhecidos que perderam tudo, que levaram anos para construir isso aqui — lamenta.