Moradores da região da Praia do Paquetá, no bairro Mato Grande, em Canoas, estão vivendo às margens da BR-448 enquanto esperam a água recuar. São diversas famílias abrigadas há mais de duas semanas dentro de caminhões, carros, barcos e barracas. Além da falta de habitação, estão sem itens básicos, como alimentação e agasalhos.
De cima da alça de acesso da Rodovia do Parque não é possível visualizar mais a cidade de Canoas. De longe, se enxerga apenas os telhados das residências e barcos amarrados próximos ao asfalto. Os moradores resolveram ficar na região devido ao medo de saques e também para alimentar animais que conseguiram salvar.
Alinor Antunes Magalhães, 60, está vivendo desde o dia 3 de maio, dentro de um barco. O morador saiu de casa apenas com a roupa do corpo e relata que faltam ajuda e doações.
— Quando a água começou a subir naquela noite, eu e outros pescadores tiramos muita gente. Estava chegando na altura do peito e o que mais se ouvia era pedido de socorro. Decidi ficar para cuidar as casas, mas sem ajuda está difícil — conta o comerciante. Ele é dono de um bar que também ficou alagado.
A moradora Elisabete Dias, 45, teve a casa atingida pela enchente de setembro do ano passado. Ela também vive junto com a família dentro de um barco em frente à residência, que segue totalmente encoberta pela água:
— Ano passado eu perdi todos móveis da minha casa. Tínhamos conseguido nos reerguer. Agora eu já não sei se minha casa vai se salvar. Estamos aqui sem ajuda, não temos nada. Falta colchões e não recebemos alimentos. Precisamos que olhem para nós.
A caçamba do caminhão virou o quarto da família de Eliel de Fraga Maria, 45. Ele, a esposa e quatro filhos estão acampados há quinze dias. Segundo ele, nunca havia entrado água dentro da sua residência, mas agora, a habitação está encoberta.
— Esperamos que na próxima semana a gente possa começar a faxina. Não fomos para abrigo porque temos nossas coisas e bichos. Meus primos e meu tio também estão aqui com nós, eles moram no bairro Harmonia e por lá tá feia a situação também — conta Eliel enquanto prepara o almoço.
Conforme os relatos dos moradores neste sábado (18), falta ajuda para a comunidade. O pedido é por alimentos, roupas de inverno, cobertas e colchões. Eles pedem que as doações sejam entregues na alça de acesso da BR-448, em direção à Praia do Paquetá.