A água que invadiu diversas regiões de Canoas segue alta. Só é possível acessar aos bairros Fátima, Rio Branco, Mathias Velho, Mato Grande e Harmonia de barco. O nível da enchente, no entanto, apresentou um pequeno recuo nesta sexta-feira (17), e agora já é possível acessar de carro a avenida Guilherme Schell, que dá acesso à Estação Fátima, da Trensurb. Pode-se enxergar o asfalto das ruas internas e carros que antes estavam encobertos.
A novidade não é o suficiente para afastar a incerteza que permeia as rodas de conversas da cidade, localizada na Região Metropolitana. Como destaca o supervisor de logística Elder de Lima Souza, 46, morador da rua Princesa Isabel, o medo é que a água retorne.
— Perdi tudo. Conquistas de uma vida inteira. Consegui salvar meu cachorro, duas televisões e uma gaita, uma lembrança do meu avô — conta emocionado. — Me falta vontade de investir. É deixar a água baixar e ver o que vamos fazer. Limpar, pintar e tentar se reerguer. Minha vontade era de sair do bairro, mas a gente sabe que não é tão simples. Isso pode acontecer de novo e como ficamos?
Em outro ponto, no bairro Rio Branco, o eletrotécnico Vinício Rolim, 61, aguardava por um barco de voluntários para ir alimentar os gatos que estão no segundo andar da sua residência, na rua Mauá. Ele e a esposa saíram de casa com uma sacola de roupas na esperança de voltar logo. Agora o objetivo é não retornar para a região.
— Tínhamos um descrédito de que as coisas iam acontecer desta maneira. Eu ainda não sei o que vamos fazer. A situação não deve se resolver tão rápido, leva tempo. Antes do mês de setembro eu não pretendo retornar para casa, mesmo que a água baixe. Tenho medo disso se repetir — conta o morador.
Nesta sexta-feira, motobombas começaram a funcionar no bairro Rio Branco. Os equipamentos irão auxiliar e acelerar a drenagem da água, que será encaminhada a bacia do Rio dos Sinos.