A tranquilidade que marcou 39 semanas de gestação e culminaria com uma cesárea agendada na última terça-feira (30) foi abruptamente interrompida para Gisele Beatriz Golki, 34 anos, e Márcio Luciano Golki, 40 anos, justamente no dia que deveria ser de celebração. Moradores da localidade de Linha Palmital, o casal teve o procedimento médico adiado em razão da forte chuva que começava a castigar Candelária.
Sem sinais de entrada em trabalho de parto, Gisele foi orientada a esperar um pouco mais. Ela e o marido ficaram em casa. Na noite de quarta-feira (1°), dores indicaram uma possível mudança de cenário. Porém, naquelas poucas horas, sair da casa localizada na área rural do município ficou inviável em decorrência da queda de pontes e destruição de estradas de chão de batido. Além da dor, o casal e um filho, de 12 anos, tiveram que conviver ainda com a falta de luz, água e sinal de telefonia.
— Na casa não entrou água, mas ao lado duas pontes caíram. A gente não imagina um troço desses — narrou Márcio Golki.
Foi com o auxílio do parco sinal de celular de um vizinho que o motorista de caminhão conseguiu pedir socorro. A ajuda levou mais de 12h. Uma difícil operação de resgate levou quatro horas. O corpo de bombeiros demorou cerca 1h30min para chegar — com viaturas e uma ambulância — até o ponto mais seguro. Em outra quase uma hora, vencendo o barro e o atoleiro de uma área de várzea, os bombeiros percorreram quase um quilômetro a pé e acharam Gisele, Márcio e o filho, Murilo.
— Estávamos sem água, sem ponte, um desespero. Fiquei com medo porque a gente não sabe a hora que vai entrar em trabalho de parto — disse, Gisele, emocionada.
Apesar do alarme falso, a mãe foi levada ao Hospital de Candelária, onde ficará sob supervisão até a confirmação da hora do parto da filha, que já tem nome: Maitê.
A coincidência que frustrou a cesárea na última terça-feira não é a primeira na vida do casal. O filho Murilo também nasceu em um dia de enchente. O parto ocorreu no dia 11 de novembro de 2013, dia em que o município do Vale do Rio Pardo também foi invadido por águas. Naquele dia, porém, Gisele e Márcio conseguiram chegar mais tranquilamente ao hospital.