Se na parte baixa do município o Rio Taquari invadiu e destruiu quase 1,3 mil imóveis, na parte mais alta de Cruzeiro do Sul, moradores de 65 casas convivem com o temor de deslizamento de terra.
Na noite da última quinta-feira (23), a Defesa Civil emitiu alerta para as famílias deixarem o local após rachaduras aparecerem em casas, piscinas e até mesmo no asfalto. Neste domingo (26), GZH esteve no local acompanhado da Defesa Civil Municipal e pode constatar as rachaduras.
Quando as sirenes de viaturas começaram a soar na noite da última quinta-feira (23), os moradores do Morro Toca dos Corvos, em Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, sabiam que a notícia não seria boa.
Seguras das inundações recorrentes do Rio Taquari, as famílias se viram agora em uma posição de risco de deslizamento de terra, após rachaduras aparecerem em diversos pontos do morro e até em casas. Desde então, 65 casas foram esvaziadas.
— Foi bastante traumático, foi um momento que a gente estava no sono, dormindo, quando uma coisa de filme de terror mesmo. Sirenes, megafone pedindo "evacuem". Uma quantidade de pessoas, da Brigada, do Exército. Foi assustador, porque ninguém sabia a extensão do problema — disse o aposentado Mauro Mallmann, que visitou a casa neste domingo para conferir como estava a situação.
Por conta da chuva dos últimos dias, as rachaduras começaram a se intensificar. Os próprios moradores passaram a acionar a Defesa Civil, informando que ouviam estalos. Em pelo menos dois pontos, uma fenda se abriu no asfalto de ponta a ponta da rua, com tamanho aumentando dia após dia. Em alguns pontos, cabe um pé inteiro dentro dos buracos que surgiram.
Segundo a Defesa Civil do Município, o local foi aterrado há mais de 60 anos, quando as primeiras casas começaram a ser construídas.
Os moradores mencionam que há curso de água por baixo das casas, o que pode ter comprometido o solo por conta das chuvas intensas dos últimos dias. Além das rachaduras, um possível desvio no curso da água preocupa ainda mais as autoridades.
— Tinha um poço ali embaixo que secou. Com tudo isso de chuva e secou da noite pro dia. Essa água tá correndo por algum lugar e a gente não sabe onde — avaliou Adeíldo Mello, coordenador da Defesa Civil na cidade.
Nesta semana, geólogos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais irão até a cidade para avaliar o solo e apurar o curso da água abaixo das construções. Essa análise será fundamental para determinar o futuro das residências do local, embora pelo menos uma casa já esteja condenada por danos na estrutura.