O comboio humanitário composto por 12 caminhões, quatro retroescavadeiras, trator, moto nivelador e rolo compactador, além de 200 voluntários, aportou em Arroio do Meio, na tarde desta terça-feira (21), para prestar apoio à comunidade. O grupo partiu na madrugada anterior de Chapecó, maior cidade do oeste de Santa Catarina, que declarou-se irmã e adota o município do Vale do Taquari no esforço para superar os transtornos impostos pela enchente de maio.
— Com a chegada desse pessoal, a gente começa a se animar. Acreditar que a cidade tem solução, que vai reagir. A destruição aqui foi muito grande e a comunidade parecia estar perdida, sem rumo — desabafou o prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel.
O prefeito conta que o município, o qual possui aproximadamente 22 mil habitantes, teve cerca de 60% de sua área inundada. Registrou mais de uma dezena de pontos de deslizamentos. Quase 1 mil moradias ficaram totalmente destruídas ou gravemente danificadas. Mais 1,2 mil pessoas continuam fora de suas residências. Muitas delas, sequer têm uma casa para voltar a residir.
— Desde o início dos eventos climáticos, a solidariedade de várias comunidades, entidades e empresas chega e traz um pouco de esperança para a população. Somos a terceira economia da região, mas sem ajuda não será possível reconstruir o que se perdeu — pontua.
Bruxel conta que as duas principais pontes que conectavam Arroio do Meio a Lajeado foram varridas pela enxurrada. Uma delas era a "ponte de ferro". Com seus 80 anos, era estimada pela comunidade local como um dos referenciais da identificação com a cultura colonial germânica.
Além destas, mais 16 pontes em localidades rurais de Arroio do Meio também foram danificadas em suas estruturas. Ruas e avenidas deixaram de existir, cobertas por terra, pedra, lama e vegetação carregada pela força da água.
O prefeito acrescenta que a restauração de acessos, estruturas e serviços básicos é fundamental para a recomposição da rotina laboral diversificada de Arroio do Meio. Indústria de alimentos, comércio varejista, cultivo de grãos, criação suína e avícola são os alicerces da economia local.
Voluntários motivados pelo carinho recebido na tragédia da Chape
Juntamente com os equipamentos, os voluntários chapecoenses também desembarcaram em Arroio do Meio um grande volume de donativos, entre alimentos, roupas e utensílios. O grupo está alojado na Comunidade Evangélica Luterana São Caetano. O trabalho das equipes será coordenado pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues, que também permanece no município do Vale do Taquari.
— A nossa comitiva está muito motivada e solidária com a situação da população do Rio Grande do Sul. Há muito trabalho a ser feito e percebemos que a comunidade de Arroio do Meio ficou entusiasmada ao ver a ajuda chegando para recuperar este cenário de muita destruição — definiu Rodrigues.
No início de maio, o município de Chapecó sancionou a Lei 8.703, que autoriza o poder público local a realizar ações de auxílio a municípios brasileiros afetados por catástrofe natural, por meio de ajuda mútua. Conforme Rodrigues, a intenção de apoiar a cidade gaúcha é uma resposta ao carinho recebido por sua comunidade na ocasião da tragédia com os atletas e a comissão técnica da Associação Chapecoense de Futebol, pela queda de avião em 2016, na Colômbia.