"Cena de guerra": esse é o cenário descrito pelo prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel, agora que a água finalmente começa a baixar, depois de uma sequência de dias de forte chuva que desalojaram pessoas e ruíram os acessos do município a demais cidades da região.
— A situação é caótica. Estamos sem energia, sem água, sem telefonia. A cidade está virada numa cena de guerra — relatou Bruxel nesta sexta-feira (3), depois de algumas tentativas da reportagem de contato por telefone.
A prefeitura estima que mais de 50% da população está fora de suas casas. Até quarta, eram cerca de 300 desalojados. Na quinta, a situação ficou mais crítica e desde então a prefeitura ainda busca estimar o número exato de pessoas atingidas. Quatro ginásios estão recebendo os moradores que estão sem abrigo.
— Não temos um dado porque perdemos totalmente o controle. Tínhamos até anteontem (quarta-feira), mas depois que as águas subiram com velocidade, perdemos o controle. Todos os bairros foram atingidos — diz o prefeito.
Mais de 90% da cidade está sem fornecimento de energia elétrica e outros serviços.
O principal agravante é que Arroio do Meio perdeu todas as ligações com Lajeado, o que deve impactar no fornecimento de produtos. Duas pontes foram afetadas, uma delas na RS-130, sendo totalmente levada pela água do Rio Forqueta. Somente a metade da ponte de ferro está em pé. A esperança é de que o pilar central não esteja comprometido e isso facilite uma futura reconstrução.
O prefeito diz que fez um apelo à Defesa Civil estadual para que o fornecimento de itens básicos seja mantido. Muitos bares e mercados foram destruídos pela água. Outros que resistiram não têm estoque suficiente para muitos dias.
—Até amanhã conseguimos contornar, mas logo, logo, não vai ter mais nada — alerta Bruxel.
Arroio do Meio está na rota do curso que poderia ser atingido pelo rompimento parcial da barragem da Usina 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, no Rio das Antas. Nesta sexta-feira, no entanto, os níveis de água no município já começavam a baixar.
Em reportagem de GZH, o doutor em Recursos Hídricos e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFGRS, Fernando Mainardi Fan, explicou que, por se tratar de uma usina fio d'água, a Usina 14 de Julho tem influência menor sobre os períodos de cheias.