O promotor de Justiça Francisco de Assis Santiago, do Ministério Público (MP) de Minas Gerais, será investigado pela Corregedoria Nacional do órgão. Ele é acusado de ter xingado a advogada Sarah Quinetti durante tribunal do júri realizado no dia 26 de março, em Belo Horizonte.
Um trecho da discussão foi gravado pela advogada, que divulgou em suas redes sociais. Na gravação, a advogada aparece pedindo ao promotor que ele repita o que teria dito sobre ela estar fazendo um "striptease" no plenário. O promotor rebate a advogada dizendo que ela é "neurótica" e "histérica".
A advogada também confronta o promotor porque ele teria lhe chamado de "galinha garnisé", informação que consta na ata de reunião da sessão do julgamento. Após o desentendimento, a sessão foi interrompida.
— Tenho 35 anos de vida e 14 de profissão. Nunca havia passado por nada assim, nunca havia sido tão humilhada. Nem imaginaria que repercutiria tanto. Estou me sentindo constrangida, abalada psicologicamente. Minha família, minha mãe, meu pai ficaram muito tristes — conta Sarah.
Na última quarta-feira (3), o Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ingressou formalmente na reclamação disciplinar encaminhada pelos representantes da advocacia no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A entidade pediu o afastamento imediato do promotor das atividades pelo prazo de 120 dias, como medida cautelar.
— A conduta do promotor de Justiça ora reclamado é inteiramente incompatível com os princípios éticos e morais que devem nortear a atuação de um membro do Ministério Público — disse o presidente da Ordem, Beto Simonetti.
Decisão assinada pelo corregedor Ângelo Fabiano Farias da Costa na quarta-feira definiu que o MP de Minas Gerais deve ser notificado em até cinco dias e o promotor deve prestar informações em um prazo de até 10 dias. Procurado pela reportagem, o MP mineiro informou que o promotor "apenas se manifestará nos autos dos procedimentos instaurados."