A Polícia Civil ouviu, nesta quarta (10), um funcionário da CEEE Equatorial e o representante de uma empresa terceirizada no inquérito que trata da morte de um homem por choque elétrico em Bagé, na Campanha. Com isso, chega a nove o número de pessoas que já prestaram depoimento sobre o caso.
De acordo com o delegado Caio Imamura, mais trabalhadores da companhia e representantes de empresas locais que prestam serviços à concessionária foram intimados para comparecer à delegacia nos próximos dias.
No entanto, com as oitivas realizadas até o momento e a garantia dada pelo advogado da CEEE Equatorial de que os documentos solicitados serão enviados nesta quinta (11), ainda será avaliada a real necessidade de ouvir mais pessoas.
— Estamos buscando entender qual foi a dinâmica dos acontecimentos. A gente vê que o serviço prestado foi falho. Quanto à falha estrutural da empresa, se busca uma indenização na esfera civil, mas se também houver falha humana, de uma pessoa, por imperícia ou negligência, a gente pode acabar entendendo por um homicídio culposo — relata o titular da 2ª Delegacia de Polícia de Bagé.
Os relatos feitos pelas nove pessoas ouvidas até o momento serão confrontados com os documentos a serem entregues pela companhia e com os depoimentos de mais funcionários envolvidos no episódio. Por isso, para não atrapalhar o andamento da investigação, o delegado prefere manter o sigilo das informações obtidas.
Problema se repete em menos de uma semana
Murilo Vieira dos Santos, 24 anos, foi eletrocutado na quinta-feira (4) da semana passada, enquanto cavalgava. A égua em que ele montava pisou num cabo de energia que havia se rompido durante temporal na noite anterior.
Relatos à Polícia Civil dão conta que a CEEE Equatorial havia sido acionada três vezes na ocasião. Os chamados alertavam para a existência de fiação elétrica solta no local.
De acordo com testemunhas, a vítima chegou a pedir socorro, mas morreu depois de aproximadamente 10 minutos. Ainda assim, o corpo do jovem ficou recebendo descargas elétricas por cerca de três horas até que a energia fosse, enfim, desligada pela empresa.
Nesta quarta, menos de uma semana depois do acidente, o mesmo cabo se rompeu. Produtores rurais viram a fiação no chão e trancaram a via até a chegada de uma equipe da CEEE Equatorial – uma hora após o chamado.
Segundo o delegado Imamura, após esse novo episódio, a distribuidora de energia informou que está realizando a substituição dos cabos e instalando postes para uma melhor sustentação do circuito onde a ocorrência foi registrada.