Já são 12 dias sem energia elétrica em pontos do sul do Estado. Os casos foram registrados no dia 21 de março, quando uma tempestade atingiu todo o Rio Grande do Sul, afetando principalmente a zona rural de cidades como Cerrito, Jaguarão, Morro Redondo, Canguçu e Arroio Grande.
Em Cerrito, a prefeitura estima que 685 residências estejam sem energia elétrica. De acordo com o prefeito Douglas Silveira, quatro escolas do interior do município estão com as atividades suspensas por causa da falta de luz. São três escolas municipais: Escola Jaime Faria, Escola Reinaldo Karnopp e Escola Ulisses Guastucci, e a Escola Estadual de Ensino Médio Adão Orlando Alves.
O recesso de inverno foi antecipado nas instituições para que o calendário letivo não seja prejudicado. Além disso, os alunos da Escola Jaime Faria precisarão ser acomodados em outro espaço, pois o telhado da instituição foi totalmente destruído.
Luciara Nakamura, moradora do interior de Cerrito, tem uma rede de energia elétrica prioritária e mesmo assim não recebeu atendimento da CEEE Equatorial. O serviço prioritário foi solicitado e concedido pela Justiça porque o pai de Luciara usa insulina e o medicamento precisa ficar refrigerado.
— Ganho a insulina do Estado por causa do valor do remédio. Para armazenar ele, precisei alugar um gerador, porém já são 12 dias e está caro. Nesses 12 dias a luz nunca voltou, nunca apareceu uma caminhonete da Equatorial. Tem fios caídos na estrada onde eu moro e nunca tivemos uma resposta. Perdemos alimentos e perdi a medicação do meu pai — relata Luciara.
Canguçu
Rosemeri Machado trabalha em uma leiteria que estava funcionando com um gerador, porém o equipamento queimou na manhã desta segunda-feira (1°) e a tendência é que o produto seja descartado caso a luz não volte. Em casa, ela trabalha com doces e salgados e não conseguiu produzir os alimentos durante a semana da Páscoa.
— Estamos em um ponto que é desesperador. A Páscoa, que é um período em que consigo ganhar mais dinheiro, não pude trabalhar. Só na minha localidade vimos cerca de 150 casas sem luz — conta.
Jaguarão
A prefeitura destaca que as famílias mais afetadas estão na área rural. Na manhã desta segunda-feira (1º) o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul deferiu a ação do Executivo municipal que pede uma multa diária de R$ 5 mil por Unidade Consumidora afetada pela falta de energia no município.
A CEEE Equatorial não respondeu a reportagem sobre como está sendo feita a operação na Zona Sul. Também foram questionadas a Secretaria da Casa Civil e Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos do Rio Grande do Sul sobre como o Estado está cobrando a empresa pelo serviço prestado. Nenhuma instituição retornou com algum posicionamento até o fechamento desta reportagem.