Dois meses após o ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul, moradores do Vale do Taquari, reclamam do acúmulo de lixo em ruas do município. São mais de 180 mil toneladas de resíduos que ainda não tiveram o destino correto. Só em Estrela, são 14,8 mil toneladas.
Nesta sexta-feira (1º), o governo do Estado inicia o recolhimento de 120 mil toneladas de lixo. A verba de R$ 26 milhões para a realização do trabalho foi solicitada, em 20 de outubro, ao governo federal. Para a recolhimento das 60 mil toneladas restantes, será necessário um novo pedido.
— Serão 60 caminhões por dia que vão levar os resíduos da região até um aterro licenciado em Minas do Leão. Nós iniciaremos o trabalho ainda essa semana e ele vai acontecer até os primeiros meses do ano que vem— afirma a secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado Marjorie Kauffmann.
Para o aposentado Jorge Scheibel, o cheiro é um dos principais problemas.
— Ninguém aguenta mais, é impossível conviver com isso — relata.
As prefeituras da região afirmam não terem recurso necessário para a retirada dos materiais dos aterros temporários.
Uma reunião na Universidade do Vale do Taquari (Univates), na terça (28), reuniu representantes dos municípios afetados e do governo do Estado. O grupo discutiu como seria realizado o recolhimento dos resíduos.
Poluição do solo
Os resíduos acumulados já causaram a contaminação do solo no Porto de Estrela, segundo a diretora de departamento de meio ambiente Tanara Schmidt.
— Já faz mais de dois meses que esse entulho está aqui a céu aberto e em contato direto com o solo. Existe, sim, risco à saúde pública e condições favoráveis para proliferação de doenças, por exemplo. Depois que isso for recolhido, vamos ter que investir em análise e tratamento do solo, porque tem grande chance de ter havido infiltração e/ou contaminação nessas situações— explica.
Além do impacto ambiental, o lixo pode causar a proliferação de insetos na região.
Para receber os materiais temporariamente é necessário uma autorização. Após a remoção, é feito um diagnóstico e uma análise de solo para determinar se os lixos alcançaram o lençol freático. Caso seja confirmado, o estudo fornece as possibilidades de tratamento.
— O solo onde estão os resíduos é mais argiloso fazendo com que a infiltração demore um pouco mais. "Mas é necessário a retirada o quanto antes—fala a diretora.