A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) busca apoio para acomodação de integrantes da entidade durante o novo júri da tragédia da boate Kiss. De acordo com o presidente da associação, Flávio Silva, o objetivo é repetir a parceria obtida no primeiro júri, em dezembro de 2021, quando 49 pessoas ficaram hospedadas nos hotéis de trânsito do Comando Militar do Sul (CMS).
O novo julgamento dos quatro réus pelo incêndio que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos em 27 de janeiro de 2013 está marcado para 26 de fevereiro de 2024.
Silva reuniu-se, na última quinta-feira (9), com o chefe do Estado-Maior do CMS, general de brigada Adilson Akira Torigoe, quando apresentou o pedido para a parceria com a hospedagem.
— Fomos bem recebidos e estou com bastante esperança porque o general se colocou à disposição para que o Exército possa nos ajudar. Vou mandar mais algumas documentações via e-mail com informações mais precisas quanto à quantidade de acomodações que precisamos e se vai ser preciso alguma alimentação por parte do Exército — explica.
A solicitação oficial deve ser enviada na segunda-feira (13). O pedido será para acomodação de 70 pessoas. Silva afirma entender que o número pode não ser alcançado, mas que, neste caso, a associação também irá buscar outras formas de parcerias:
— Temos familiares de vítimas em 75 municípios. A grande maioria deles são famílias simples, vêm do Interior e precisam se deslocar até a Capital e ficar lá 10 dias. Pagar hospedagem durante esses dias é complicado. É uma necessidade muito grande que os familiares estejam presentes.
A associação também deve solicitar, na segunda-feira, ao Judiciário o espaço de apoio obtido no primeiro júri para os familiares. Na ocasião, duas salas do térreo do fórum foram cedidas e um grupo de profissionais de saúde mental de Santa Maria e outros voluntários puderam permanecer no local.
Outra demanda do grupo será com o Ministério Público, para a montagem de uma tenda para acolhimento próximo ao Foro de Porto Alegre, repetindo a ação que também ocorreu em 2021.
O júri
O novo julgamento dos quatro réus pelo incêndio da boate Kiss está previsto para ocorrer em 26 de fevereiro de 2024. A sessão iniciará às 9h30min no Foro Central de Porto Alegre.
Serão julgados os réus Elissandro Callegaro Spohr, Mauro Hoffmann, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão. Eles haviam sido condenados em júri em dezembro de 2021. Em agosto de 2022, por dois votos a um, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal decidiram por anular o primeiro júri e submeter os réus ao novo julgamento. Eles acataram nulidades alegadas pelas defesas e, com isso, os acusados foram soltos, depois de quase oito meses detidos.
O Ministério Público estadual recorreu ao Superior Tribunal de Justiça para manter o júri, o que passou a ser analisado pelo tribunal superior em junho, quando a sessão foi interrompida por dois pedidos de vistas. Em 5 de setembro, o julgamento foi retomado e a sexta turma da Corte confirmou a anulação do júri por quatro votos favoráveis à anulação e um contrário.