Abalada primeiro por um granizo e depois pela enchente histórica do Rio Taquari, ainda é difícil falar em retorno à normalidade mesmo 30 dias depois da tragédia, em Muçum. O cenário de tentativa de reconstrução ainda é visível em praticamente todos os pontos da cidade.
Nesta terça-feira (3), o trânsito ainda era dominado por caminhões – principalmente do Exército para recolhimento de entulhos e ajuda humanitária – e máquinas pesadas usadas na limpeza da cidade. Para quem circula no município, a sensação é de que “o serviço não rende”.
— Estou tentando reconstruir, mas ainda muito devagar, a mão de obra tá faltando — disse o servidor público Vanderlei Poletti, que ainda não voltou para casa.
Foi na fachada desta residência que a filha dele, Anny Poletti, 13 anos, desenhou com barro da enchente as mãos e a data da primeira visita após a tragédia, para indicar o tempo de reconstrução.
As marcas não existem mais. Foram apagadas por voluntários desavisados durante uma força-tarefa no município.
— A gente ia até colocar uma moldura e um vidro, pra marcar que a gente conseguiu superar. Mas não tem problema, eles nos ajudaram bastante e nós não avisamos — concluiu.
Mutirão em escolas
Em duas das cinco escolas municipais de Muçum que vão retornar às aulas na quarta-feira (4), o serviço era pesado durante o dia para deixar tudo pronto para os alunos.
Na Escola Jardim Cidade Alta, a equipe foi dividida em duas: enquanto parte dos professores planejava o conteúdo, outra trabalhava na limpeza do pátio.
— A gente precisaria mais uns dois ou três dias para a gente terminar de fazer a limpeza, dobrar lona, tirar lixo, limpar quadra. E depois mais pra nós organizarmos, porque perdemos material. Professor se supera em todas as áreas — disse a professora Terezinha Dal Magro.
Além dos 113 alunos regulares, a Jardim Cidade Alta passa a receber também 80 alunos da EMEF Castelo Branco e outros 101 da EMEF Alternativo.