Momentos antes do assassinato de três médicos na madrugada desta quinta-feira (5), na orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a Polícia Civil do Rio interceptou conversa telefônica que os investigadores consideram um indício de que as vítimas foram mortas por engano.
Na ligação, gravada com autorização judicial durante investigação que já estava em andamento sobre milicianos que atuam na zona oeste do Rio de Janeiro, um homem diz a outro: "Acho que é posto 2". A resposta é inaudível.
Segundo a polícia, a voz que é possível entender é a de um homem conhecido como BMW, principal auxiliar de Lesk, criminoso ligado à facção Comando Vermelho e anteriormente envolvido com a milícia. BMW teria recebido a informação de que o miliciano Taillon Alcântara Pereira Barbosa estava no Quiosque do Naná e tentava explicar o local para um comparsa incumbido de matá-lo. O quiosque, no entanto, fica entre os postos 3 e 4 da orla da Barra da Tijuca.
Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa, que, segundo a polícia, é líder de uma milícia da zona oeste e vive em confronto com a quadrilha de Lesk. Taillon é parecido fisicamente com o médico Perseu Ribeiro Almeida, uma das vítimas do ataque a tiros. Os outros mortos foram Marcos de Andrade Corsato e Diego Ralf Bonfim. O médico Daniel Sonnewend Proença sobreviveu e encontra-se hospitalizado.
Outro indício de que o crime tem relação com a facção criminosa é que o carro usado no crime, um Fiat Pulse branco, foi rastreado pela polícia e seguiu até a favela de Cidade de Deus, que é uma base do Comando Vermelho.
Em imagens de câmeras de segurança do quiosque fornecidas pela Polícia Civil do Rio, é possível ver os três homens aparentemente encapuzados descendo de um veículo e indo em direção aos médicos para efetuar os disparos. Alguns dos criminosos atiraram várias vezes.
Os médicos estavam hospedados no Hotel Windsor, que fica em frente ao quiosque, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, para acompanhar o 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo.
Investigação
Por determinação do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e do delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, a Polícia Civil de São Paulo enviou, já na manhã desta quinta-feira (5), duas equipes para auxiliar nas investigações dos assassinatos no Rio. Policiais devem realizar também diligências ao longo dos próximos dias na capital paulista. A ideia é levantar informações sobre a vida pregressa das vítimas.