No aniversário de seis anos, GZH traz histórias de pessoas que foram impactadas por reportagens publicadas no jornal digital. Uma dessas reportagens teve como protagonista Luciane Godoi Brum, que trabalhou com a imunização de pessoas contra a covid-19 em Canoas.
Um ano de muito trabalho e sofrimento, mas também de felicidade e gratidão. É assim que Luciane Godoi Brum define o período em que trabalhou com as imunizações contra a covid-19 em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
De novembro de 2020 a dezembro de 2022, Luciane se uniu aos milhares de enfermeiros e técnicos de enfermagem que levaram, nas vacinas aplicadas, a esperança de dias melhores. Em abril de 2021, GZH mostrou a rotina dos profissionais que trabalhavam na função, e Luciane foi uma das retratadas. Para ela, a visibilidade proporcionada pela cobertura jornalística ajudou a valorizar os profissionais que atuaram naquele período perante a família e a comunidade.
— A importância da reportagem naquela época foi a valorização do profissional de enfermagem. Não tinha como fechar posto de saúde, não tinha como fechar hospital, tu tinha que trabalhar. Então foi aquele profissional que ficou na linha de frente no início, meio e fim — afirma.
27 anos de enfermagem
Moradora da zona sul de Porto Alegre, Luciane trabalha na enfermagem há 27 anos, os últimos nove na Região Metropolitana. Servidora da Secretaria de Saúde de Canoas, atuava com política de saúde do homem, quando recebeu o convite para trabalhar no Hospital Universitário da cidade, em 2020, no setor de imunizações.
Apesar de não exercer uma função que lidava diretamente com pacientes de covid-19, a enfermeira relata que foi um período de muita apreensão.
— Foi uma época muito triste, muito apavorante, porque o vírus chegou de um dia para o outro e começaram as questões de hospitalizações e óbitos. Muito medo, muito pânico e muita tristeza — relembra.
A esperança das primeiras vacinas
Com a chegada das primeiras vacinas contra a covid-19, Luciane sentiu o impacto na rotina. Como enfermeira, sua atuação no setor de imunologia era administrativa, mas a partir de 2021 passou a aplicar vacinas. A demanda pelo imunizante era tão grande que até mesmo profissionais que estavam aposentados se disponibilizaram para atuar.
— Nós vacinávamos sem parar até as 22h, cuidando para não colocar uma dose fora, fazendo lista de espera, indo nos hospitais, nas clínicas geriátricas. Foi um momento de felicidade na questão das vacinas, quando as pessoas enxergaram uma luz, que seria a cura. Foi uma época de muito trabalho, muita doação — conta a enfermeira.
Apesar da alta demanda, a enfermeira recorda dos momentos com gratidão, pela importância da atuação dos profissionais da saúde para a imunização da população. Luciane diz que a divulgação da eficácia das vacinas e a importância da aplicação é uma luta constante, que não terminou com a redução dos casos nem com o fim da emergência global.
A necessidade de continuar o cuidado
De volta às funções na Secretaria de Saúde de Canoas, Luciane continua atuando no setor de imunologia, mas não realiza mais a aplicação das vacinas. No entanto, a enfermeira ainda guarda na memória lembranças de momentos emocionantes que viveu.
Um desses casos aconteceu enquanto estava aplicando vacinas em um posto montado na estação Canoas. Na ocasião, uma senhora a abordou para relatar que era uma das sobreviventes da doença. A idosa então mostrou a cicatriz da traqueostomia, procedimento cirúrgico necessário para entubação de pacientes.
— Aquilo ali me marcou demais, porque o que os olhos não veem o coração não sente tanto, né? A gente escuta falar, mas só quem passou por isso, de verdade, sabe. E aí quando ela me disse: "Sou o exemplo vivo que eu venci", isso me marcou — comenta.
Esse é um dos exemplos que motiva Luciane a reforçar a segurança e a importância de realizar todas as doses da vacina contra a covid-19.
— A diminuição da procura nos coloca em risco de retorno das doenças. As pessoas precisam ter essa consciência. Tu não enxerga o vírus, então no momento que alguém se infectar e tu estiver com a imunidade baixa, o risco vai acontecer sempre. Então é uma forma (de prevenção), sim, uma imunidade que tu adquire através das vacinas — explica Luciane.
*Produção: Giovanna Batista