Pela terceira vez em menos de um mês, o Rio Grande do Sul foi castigado por um ciclone extratropical. Desta vez, a passagem do fenômeno climático provocou ventos acima de 100 km/h, bloqueou rodovias e deixou milhares de pessoas sem energia elétrica. Ao menos uma morte foi confirmada no município de Rio Grande, na Metade Sul — uma das áreas mais atingidas pelo mau tempo. A Defesa Civil gaúcha mantém um alerta para rajadas de vento e risco de transtornos válido até as 18h desta quinta-feira (13).
Desde a noite da véspera, a exemplo do temporal que causou 16 mortes em meados do mês passado, os gaúchos voltaram a ser castigados por uma combinação de chuvas pesadas, acompanhadas por granizo, e ventania. A fúria do clima provocou mais uma vítima: uma pessoa, cuja identidade ainda não havia sido confirmada até a publicação desta reportagem, foi atingida pela queda de uma árvore quando estava dentro de casa, no bairro Maria dos Anjos.
Em todo o Estado, 790 mil pontos estavam sem luz no final manhã, pelo menos 10 rodovias haviam sido interrompidas total ou parcialmente, e dezenas de pessoas tiveram de deixar suas casas em municípios como Rio Grande, onde as rajadas chegaram a 140 km/h e havia 17 pessoas desabrigadas, e São Sebastião do Caí - onde o risco de inundação já havia forçado a retirada de pelo menos 40 famílias.
Como o Rio Caí seguia subindo ao longo da manhã, a Defesa Civil atuava para transferir a população mais próxima da zona ribeirinha a um ginásio esportivo. No bairro Navegantes, um dos mais afetados, a água avançava rapidamente em direção às casas.
Em relação à falta de luz, a zona atendida pela CEEE Equatorial registrou os maiores transtornos, com 715 mil clientes atingidos. A Região Sul concentrou a maior parte das quedas de energia, com 165 mil consumidores afetados. Em seguida vêm o Litoral Norte, com 157 mil pontos, e a Região Metropolitana, com 140 mil, entre outras partes do Estado. Na zona de atuação da RGE, o número de problemas registrado estava em 75 mil.
A falta de energia prejudicou também os sistemas de distribuição de água. Na área atendida pela Corsan, o abastecimento foi comprometido em pelo menos 17 cidades, incluindo Canoas, Viamão e Sapiranga. Na Capital, o Dmae relatou problemas em alguns bairros.
Os bloqueios rodoviários atingiram vias importantes como a BR-116, que precisou ser interrompida no sentido Capital-Interior logo após o trevo de Tapes. No km 181, em Nova Petrópolis, foi retomado o sistema de "pare e siga" para veículos leves durante o dia, das 7h às 17h30min. Nos demais horários, a estrada fica bloqueada por completo. Além disso, no km 399, próximo ao trevo da Pompéia, em Camaquã, havia um bloqueio parcial.
Por precaução, as aulas foram suspensas na rede estadual de ensino e em sistemas municipais como o de Porto Alegre. A Capital enfrentou transtornos como quedas de árvores sobre as vias públicas, sinaleiras fora de operação e restrições no atendimento a pacientes em unidades de saúde. O posto do Lami seria fechado ao meio-dia em razão do acúmulo de água no entorno, e unidades como as de Barão de Bagé, Wenceslau Fontoura, Navegantes e Beco do Adelar estavam sem energia elétrica pela manhã, o que limitava a operação apenas ao cuidado de casos agudos.