Moradores de cidades da Região Metropolitana e do Vale dos Sinos têm reclamado das condições da água fornecida nos últimos dias pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O líquido tem saído das torneiras com a cor escurecida.
É o caso na residência do chapeador Patrick Ianus Fassbindes, 21 anos, morador do bairro Amaral Ribeiro, em Sapiranga. Ao abrir a torneira da pia pela manhã, a água tinha uma cor amarelada.
Já em no bairro Jardim Algarve, em Alvorada, o estudante de Educação Física Thiago Foschiera, 40 anos, foi mais a fundo para investir a qualidade da água. Há duas semanas, ele identificou que o líquido está com pH abaixo de 7. Ao adicionar cloro na água, ela começou a escurecer. Um vídeo de outro morador da cidade, mostrando situação semelhante, foi publicado nas redes sociais.
O pH - potencial hidrogeniônico - determina o grau de acidez e alcalinidade de todo produto que possua água em sua formulação. Sua escala vai de 0 a 14 (o índice 7 é o neutro; ao se deslocar na escala, os valores inferiores a 7 estão caminhando para o índice ácido, e os superiores ao índice alcalino).
— Estamos pagando pela água limpa. A gente trabalha com uma escola de natação, e somos cobrados pela qualidade da água que fornecemos aos clientes. A água está vindo com muito resíduo — reclama Foschiera.
Foschiera afirma que possui familiares em Viamão, também na Região Metropolitana, e que, lá, há registros de situação parecida.
O que diz a Corsan
A Corsan encaminhou uma nota à GZH em que reitera a qualidade da água distribuída, mesmo com alterações nos mananciais causadas pela estiagem. Entretanto, a empresa reconhece que a falta de chuva ocasiona a proliferação de algas e plantas aquáticas, o que causa modificações na cor da água. A Corsan fiz que “ajusta o sistema de tratamento para minimizar a concentração dessas substâncias, que podem causar odor e gosto na água”. Para isso, é “dosado carvão ativado no processo de tratamento, dentro outros insumos adicionais”, segue o texto.
A nota ainda diz que “o paladar e o olfato humanos têm uma capacidade muito grande em detectar essas substâncias, mesmo em concentrações baixíssimas, da ordem de bilionésimos de grama por litro de água. Por essa razão, mesmo com o tratamento da água, é possível a percepção de odor e gosto pelos usuários. Porém, cabe ressaltar que tais substâncias são reduzidas a baixas concentrações e não fazem mal à saúde”. Os resultados das análises da água feitas pela Corsan são enviadas às vigilâncias sanitárias municipais e estadual, bem como ao Ministério da Saúde.
A Corsan recomenda que, em caso de identificar alterações nas características da água, os moradores deixem a torneiras abertas por cerca de dois minutos, usando essa água como reaproveitamento no jardim. Caso não tenha efeito, a companhia solicita que os usuários informem a situação por meio dos canais oficiais de relacionamento com o cliente (corsan.com.br, aplicativo da Corsan ou telefone 0800-646-6444).