Em edição especial do Painel RBS Notícias, mediado pelo jornalista Elói Zorzetto, líderes de diferentes setores projetaram, nesta segunda-feira (12), as próximas quatro décadas do Rio Grande do Sul. O debate comemorativo pelos 40 anos do RBS Notícias reuniu ideias sobre agricultura e pecuária, inovação, indústria, saúde, tecnologia, educação e comunicação.
Primeira painelista, a diretora-presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Nadine Clausell, ressaltou o envelhecimento da população brasileira, tendência que irá se acentuar nos próximos anos. Nadine defendeu reforço às políticas públicas para os idosos e melhora do planejamento estratégico da saúde entre municípios, Estados e União.
— A nossa maior preocupação é a manutenção do SUS (Sistema Único de Saúde) como política de saúde de Estado, na qual tenhamos uma atenção primária reforçada, porque isso vai impactar em melhores indicadores de saúde e vai diminuir o gasto com a medicina cara, que é a hospitalar — afirmou.
O presidente da Federação da Agricultura (Farsul), Gedeão Pereira, afirmou que o Rio Grande do Sul deverá se manter na vice-liderança nacional no ranking dos Estados produtores, especialmente devido ao avanço do agronegócio na Metade Sul. Em relação aos números nacionais, Pereira projeta que o Brasil será o maior produtor de alimentos em algumas décadas:
— Seremos a maior agricultura nos próximos 30 ou 40 anos, se o processo interno não atrapalhar o agronegócio, porque temos território, água, capacidade técnica, tecnologia e gente capacitada para aplicar tudo isso.
O diretor-executivo do Instituto Caldeira, Pedro Valério, falou sobre inovação e chamou a atenção para a "desqualificação da mão de obra que vem do ensino público", sobretudo em matemática e português. Valério defendeu o reforço das políticas na educação para que o Rio Grande do Sul "seja porta de entrada de investimentos e capital". Ele vê nas iniciativas desenvolvidas no Estado voltadas a novas tecnologias e modelos de negócios um amadurecimento do setor:
— Estamos vendo um amadurecimento do ecossistema de inovação. A inovação é sim um vetor de transformação e de desenvolvimento econômico e social.
O presidente da Federação das Indústrias (Fiergs), Gilberto Petry, destacou que a pandemia modificou o conceito industrial e avaliou que o Rio Grande do Sul está andando em boa direção:
— O Estado está tendo crescimento adequado, tem de resolver algumas coisas, como a dívida. Em termos de país, a indústria espera que o governo dê condições de continuar se desenvolvendo, seja Bolsonaro, seja Lula, seja Fernando Henrique, seja quem for.
O pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Jorge Audy focou a sua participação na educação como forma de reduzir a desigualdade social, por meio do ensino básico:
— Não existe mecanismo de inserção, inclusão e melhoria da vida das pessoas que não seja pela educação. O resto é consequência.
O presidente da Federação de Entidades Empresariais (Federasul), Anderson Cardoso, fez coro aos discursos anteriores sobre a centralidade da educação e fez observações a respeito de como a tecnologia irá afetar o comércio, citando a realidade virtual:
— Estamos vivenciamos há pouco o lançamento do 5G em Porto Alegre. O 5G é conectado com realidade aumentada, internet das coisas, blockchain, toda uma série de novas ferramentas que o setor produtivo terá à disposição, que criaram não apenas possibilidade de incrementar os nossos modelos de negócios, mas especialmente criaram novos modelos de negócio.
O painel foi encerrado com a participação do CEO do Grupo RBS, Claudio Toigo. O executivo destacou a transformação da comunicação nas últimas décadas, sobretudo com a ênfase dada ao meio digital, e ressaltou a importância de se manter a imprensa como fonte de credibilidade e confiança.
— Muitos de nosso setor demoraram para se adaptar e não estão mais aqui hoje porque ficaram presos ao passado. Não olharam para o futuro. E isso aconteceu porque não se entendeu o comportamento do consumidor — disse ele, ressaltando ser necessário aprender a buscar a essência na conexão com as pessoas e não ficar preso ao tipo de plataforma, ao meio usado nessa relação.
Toigo frisou o papel da televisão como uma mídia essencialmente de massa e a sua agilidade em comunicar para muitos de forma rápida e simultânea:
— A televisão vai ser ainda mais relevante do ponto de vista de ser um veículo que comunica com todos ao mesmo tempo. Não existe tecnologia, nem com 5G, mais eficiente que a radiodifusão para se comunicar para muitos, rápido, ao mesmo tempo. E temos o papel de sermos o guardião disso, levando a mensagem para muitos.