Após mais de um mês hospitalizado, um dos sobreviventes do incêndio em uma comunidade terapêutica de Carazinho, que matou 11 pessoas, diz que não sabe como escapou da tragédia, ocorrida em 23 de junho. Jeferson Ricardo da Silveira afirma não lembrar com clareza do que aconteceu, apenas de acordar com barulho, com os estalos causados pelo fogo. Ao abrir a porta do quarto em que estava, para ver o que estava acontecendo, lembra de o espaço ser invadido por calor e fumaça - a inalação desta fumaça foi o que lhe causou os problemas de saúde mais graves.
Silveira contou, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (27), que então acordou o colega de quarto e, juntos, eles conseguiram quebrar uma janela para fugir.
— Nem eu consigo entender como eu consegui quebrar a janela com meu colega de quarto. Eu fico pensando que só por Deus mesmo, né — relata, destacando que não havia grades na abertura, o que possibilitou a fuga.
Um outro sobrevivente relatou barulhos vindos da fiação elétrica da comunidade, antes do incêndio, o que poderia indicar que um problema na instalação causou o fogo. Silveira diz nunca ter percebido qualquer irregularidade deste tipo no local.
— Não tinha fio exposto. Era tudo certinho. Não tinha como saber se tinha curto ou não. O que sei é que tava tudo certo pelos bombeiros, tinham feito vistoria e estava tudo correto — explica, ao dizer que não sabe o que iniciou as chamas.
Um irmão do sobrevivente participou da entrevista e comentou que a família ficou sabendo do incêndio por meio de reportagem da RBSTV. Ainda se passaram cerca de duas horas, após a notícia, até que eles tivessem alguma informação sobre a situação de Jeferson. Souberam, então, que ele estava hospitalizado, em estado gravíssimo.
Jeferson Ricardo da Silveira recebeu alta do Hospital Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul, nessa segunda-feira (25). Ele havia sido transferido para a cidade do Vale do Rio Pardo no dia 21 de julho, já com quadro estável. Antes, ele estava em recuperação no Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre, onde internou no dia 25 de junho, para tratar uma queimadura de via aérea causada pela fuligem.
Silveira ainda se recupera, fisicamente, do ocorrido e diz que pretende conseguir trabalho e recomeçar.
— Fui para lá (a comunidade terapêutica) começar uma nova vida e Deus me deu essa nova vida no incêndio.
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