Em meio aos recentes questionamentos levantados pelo presidente Jair Bolsonaro a respeito da confiabilidade das urnas eletrônicas, Giuseppe Janino, um dos criadores do equipamento, saiu em defesa ao sistema eleitoral.
Ele destaca que, devido os protocolos de segurança, caso houvesse qualquer tipo de alteração no resultado das eleições, seria facilmente identificado por qualquer pessoa que acessasse o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Não é uma questão de "ter fé" se o sistema de votação é confiável ou não, pois é constatável que nunca houve qualquer tipo de fraude nos 25 anos da utilização das urnas eletrônicas — afirmou em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Janino afirma que existem diversas camadas de criptografia empregadas dentro dos códigos que compõem o sistema da urna eletrônica. Além disso, o equipamento é operado sem estar conectado a uma rede de internet, portanto não seria possível que houvesse uma invasão. Ele explica também o mesário da zona eleitoral tem o resultado das votações "antes mesmo do TSE", por meio do boletim de urna, e as informações ficam disponíveis ao público no local.
— Além das várias camadas de criptografia e assinaturas digitais, se houvesse possibilidade de adulteração dessas informações no meio do trâmite até chegar no datacenter do TSE, isso seria facilmente percebido, pois o fiscal de partido já recebeu essa informação na sessão eleitoral — afirma.
O especialista também comentou sobre o caso do hacker que conseguiu invadir, em 2018, a rede da Justiça Eleitoral por meio de um ponto de acesso. Ele destaca que o invasor obteve parte do código do programa que prepara os arquivos que vão ser inseridos na urna eletrônica — portanto, não o algoritmo em si. Janino explica que o hacker não conseguiria adulterar qualquer informação do resultado das eleições com o conteúdo obtido.
Por fim, Janino explicou que o "apagão" ocorrido nas eleições de 2020 foi, na verdade, um atraso na totalização dos votos devido ao mau comportamento do computador que faz esse trabalho. Isso ocorreu devido aos poucos testes realizados naquele ano, uma vez que todo o fluxo de trabalho foi atrasado por conta do momento da pandemia.