Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça-feira (21), o superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Eduardo Fontes, forneceu detalhes sobre a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. A dupla desapareceu na Amazônia no início de junho. Dez dias depois, Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, confessou os homicídios. Ele, juntamente com outras pessoas, teria assassinado, esquartejado, queimado e enterrado os dois.
— O jornalista, ao que tudo indica, estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada. A questão era o Bruno, que era o grande problema deles ali, que dificultava na questão da pesca ilegal — avaliou o superintendente.
De acordo com Fontes, já foram identificadas oito pessoas que participaram efetivamente dos crimes. Três foram presas pelo duplo homicídio, embora uma negue a participação — no entanto, uma testemunha ocular a coloca na cena do crime. As outras cinco já foram ouvidas e confessam ter auxiliado na ocultação dos cadáveres.
A polícia ainda trabalha para descobrir a motivação do crime, e as diligências continuam. Embora diga que não há indícios de organização criminosa envolvida nos assassinatos, a PF não descarta o surgimento de novos suspeitos.
— Toda a dinâmica dos fatos, toda a prova até o momento colhida aponta para que não exista, neste caso, organização criminosa ou algum mandante. Aponta neste sentido, mas a gente não descarta que isso seja alterado ao final da investigação. A gente já avançou muito, mas ainda estamos trabalhando — revelou Fontes.
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas adiantou os próximos passos do inquérito. O barco usado pelas vítimas, que foi localizado nesse domingo, será periciado nesta terça-feira. A polícia também aguarda os laudos da perícia nos restos mortais de Bruno e Dom, que devem trazer novos detalhes que podem confirmar as informações já colhidas sobre as circunstâncias dos assassinatos.
Segundo a polícia, a prática de pesca ilegal é recorrente naquela região, e Bruno, que estava licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), fiscalizava a atividade de forma intensa. Ele já havia sido ameaçado por Pelado em outras abordagens de fiscalização. A investigação também indicou que o indigenista estava armado no momento do crime e chegou a disparar, após ser atingido por uma bala.
— Foi uma morte brutal. Eles acabaram agindo com requintes de crueldade — afirmou o superintendente.