Dois dias depois da passagem da tempestade Yakecan, 27,5 mil pontos seguem sem energia elétrica no Rio Grande do Sul. De acordo com a CEEE Equatorial, a situação afeta em torno de 25 mil moradores da Região Metropolitana, parte do Litoral, além da metade sul do Estado. Esse contingente conta ainda com 2,5 mil clientes na área atendida pela RGE. Os dados foram atualizados ao meio-dia desta quinta-feira (19).
Mais afetada de todas as regiões, o Litoral Norte tem 8 mil locais desabastecidos na área de atuação da CEEE Equatorial. A falta de luz atinge 85% dos moradores de Morrinhos do Sul, segundo cálculos do Executivo. O prefeito Marcos Vinicius Silveira afirma que postes caídos bloqueiam o caminho, no acesso ao posto de saúde, e que há energia apenas no centro do município. Sem energia elétrica, também não tem água na cidade. A prefeitura terá de alugar geradores em Santa Catarina para amenizar a situação.
— Eu tô indo a Criciuma hoje (quinta-feira) de tarde, pra alugar dois geradores e manter geladeira do posto de saúde e bombear a água — complementa o político.
A fisioterapeuta Daniela Steffen, 26 anos, precisa deixar Morrinhos para carregar o telefone celular na cidade vizinha, Três Cachoeiras. A placa solar usada pelo pai dela, na agricultura, carrega 2% do telefone em trinta minutos, conta ela.
— A maior dificuldade, no meu caso, são os transtornos nos reagendamentos das consultas, fico o dia inteiro no consultório esperando, mas poucos aparecem. E consequentemente a falta de água, que prejudica muito todo o funcionamento. Fora a dificuldade em casa, com freezer descongelado e comida estragando — conta a profissional.
Em Mostardas, no Litoral Médio, o telhado da Escola Municipal Emílio Ferreira de Lemos foi arrancado pelo vento. Uma parada de ônibus de alvenaria acabou destruída pelo temporal. A prefeitura calcula que 55% do território está sem luz, da praia à zona rural.
— Os relatos são dramáticos destas comunidades, algumas têm serrarias de madeira paralisadas, além das pessoas que estão tendo prejuízos com seus alimentos congelados, pois as comunidades interioranas mantêm muitos produtos em freezers e geladeiras — resume o prefeito Moisés Pedone.
A Grande Porto Alegre tem 4 mil locais ainda desassistidos na área de atuação da CEEE Equatorial. Em outros pontos, a carga está em meia-fase, como na casa de Milene Silva, 40 anos. Ela vive na comunidade Timbaúva, no bairro Rubem Berta, na zona norte da capital.
— Minha filha é autista e a diversão dela é assistir vídeos no Youtube. Com a luz meia fase a gente tá sem banho e sem lavar roupa há dois dias. Comida eu botei no freezer, mas tá estragando — relata Milene.
A CEEE Equatorial informou que os locais mais impactados são Viamão, Alvorada, Imbé, Mostardas, Tramandaí, São José do Norte, Osório, Três Cachoeiras, Pelotas, Osório, Arroio do Sal, Mampituba, Morrinhos do Sul, Capão da Canoa e Balneário Pinhal.
Além dos efeitos do temporal, uma parte da rede foi saqueada em São José do Norte, no sul do Estado. Para reparar os 2,3 quilômetros de cabos furtados, será necessária a troca de 21 postes.
Não há previsão para normalizar o fornecimento de energia elétrica no Estado, pois, de acordo com a companhia, cada caso tem uma complexidade diferente.
A área da RGE reduziu o total de clientes sem energia: de 6 mil, no final de quarta-feira (18), para luz 2,5 mil pontos ao meio-dia desta quinta. A concessionária não detalhou as regiões mais atingidas.
No auge da ventania, na noite de terça-feira, o número de pontos desabastecidos chegou próximo de 370 mil.
Número de clientes da CEEE Equatorial sem energia elétrica
- 8 mil no Litoral Norte
- 4 mil na região Metropolitana
- 5 mil no Litoral Sul
- 4 mil na Região Sul
- 3 mil na Região Centro-Sul
- 1 mil na Campanha