Os incêndios que desde sábado (19) atingem a região da fronteira da Argentina com grande intensidade já consumiram mais de 800 mil hectares. A estiagem, que atinge severamente o Estado, favorece a propagação do fogo, conforme explicou o comandante do 11º Batalhão dos Bombeiros Militares e responsável pela operação, tenente-coronel Rafael Venturella, em entrevista ao Gaúcha +, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (21).
— É a estiagem que está muito forte na região e favorece a propagação de incêndios — declara Venturella. — Vários focos acabam tomando conta de uma cidade inteira.
Os incêndios começaram a ser combatidos no sábado no lado argentino, em Santo Tomé, na província de Corrientes. O Rio Grande do Sul atua com 16 homens na operação, além de bombeiros da Argentina e voluntários. O objetivo, como ressalta Venturella, é salvar vidas e patrimônio — até o momento, nenhuma morte foi registrada, mas houve diversos danos a residências e animais. Durante a noite, os bombeiros retiram pessoas das áreas de risco.
Segundo o comandante, o incêndio no país vizinho causa reflexos em toda a região.
— Toda essa fumaça, todo o material que foi queimado vai para algum lugar. Agora o vento trouxe para o Brasil isso aí. O pessoal já percebe, chegando (perto) fica tudo nublado. Tu chega perto de São Borja, passa a fronteira, parece que está nublado, mas na verdade é a nuvem de fumaça, que está cobrindo o sol — afirmou o comandante, ressaltando que a região de São Borja registrou um aumento de 460% de ocorrências de fogo em vegetação em comparação aos últimos três meses, decorrentes da estiagem.
O próximo passo é avaliar a necessidade de aumentar o número de efetivo e equipamentos com base no monitoramento da chuva, que pode amenizar ou até mesmo extinguir todos os focos — no entanto, o comandante destaca que o volume tem de ser expressivo.
— Nós estamos, por enquanto, fazendo força de combate e está dando certo no resguardo a residências, mas a vegetação está sendo consumida — afirma.
As consequências da fumaça e fuligem já começam a ser sentidas pelos moradores de São Borja — e podem estar se espalhando para outras cidades do Estado através do vento, causando ardência nos olhos e dificuldade na respiração devido à qualidade inferior do ar.