O banho que Cláudia, 45 anos, dava na neta mais nova, Isabella, três meses, virou um susto para toda a família Machado em Cachoeirinha, por volta das 20h do sábado (19). Quando ela terminava de lavar o cabelo da pequena e assoou o nariz do bebê, um choro que parecia corriqueiro deu lugar a um estranho silêncio. A criança acabou aspirando água e se engasgou, mesmo sob supervisão da avó, da mãe, Letícia, 24 anos, e de outros familiares no banheiro.
— Quando peguei ela no colo, parou de chorar. Meu cunhado, padrinho dela, percebeu que ela estava vermelhinha, não conseguia respirar, e saímos para pedir ajuda de vizinhos no condomínio. Tentamos aspirar o nariz dela com a boca, pressionar o peito dela, mas nada adiantou. Entramos no carro e fomos até o primeiro lugar que lembramos — conta a mãe da menina.
Menos de cinco minutos depois disso, o carro conduzido pelo tio e padrinho Gabriel, levando Letícia, a filha e a mãe em busca de socorro para a pequena, chegava buzinando ao 26º Batalhão de Polícia Militar, a menos de um quilômetro da residência. Lá, ainda na calçada, o soldado Carlos devolveu a respiração à menina e salvou a vida dela em 30 segundos, executando a chamada manobra de Heimlich.
— A gritaria delas chegando no batalhão nos alertou. Saímos todos que estávamos no batalhão, com armas, achando que podia ser uma tentativa de homicídio, ameaça ou briga acontecendo — revela o subcomandante do 26º BPM, Capitão Bonoto: — Um soldado saiu em direção aos bombeiros quando viu que era uma criança engasgada, e, quando vi, antes dos bombeiros chegarem, outro soldado, o Carlos já estava com o bebê de bruços no braço, pressionando as costas dela com a outra mão.
Isabella, que já tinha as bochechas roxas e olhos vermelhos, segundo relatos da mãe e do brigadiano, expeliu os líquidos que bloqueavam suas vias aéreas e voltou a respirar. Letícia, ainda desesperada naquele momento, não viu a manobra ser executada, mas se acalmou quando recebeu de volta sua filha nos braços. Ela ouviu atenta as explicações dos socorristas e foi com a filha até o Hospital Padre Jeremias para complementar o salvamento com uma aspiração mais completa.
— Foi tudo muito rápido. Todos os policiais vieram para fazer o que fosse preciso para salvá-la, e salvaram. Agradeço muito a eles, tanto aos policiais quanto ao hospital. Foi lá que entendi o que aconteceu, quando ela voltou a gritar, chorar, e depois rir no meu colo — enaltece a mãe, 24 horas depois do acidente, entrevistada por telefone pela reportagem de GZH — Ainda não dormi, passei a noite acordada vigiando o sono dela porque caso acontecesse algo era para levarmos de volta ao hospital. Graças a Deus não aconteceu nada, ela é o meu milagre — complementa Letícia.