O domingo (20) é marcado por aumento de equipes de buscas aos desaparecidos na enxurrada em Petrópolis, na serra do Rio de Janeiro, e de limpeza da cidade. E também por críticas da população, que reclama da falta de agilidade dos trabalhos de resgate. Por onde se trafega, ainda há muita lama e restos de construções e vegetação cinco dias após o desastre. Conforme a prefeitura, 2 mil trabalhadores petropolitanos, de Niterói e da cidade do Rio de Janeiro, fazem a limpeza de ruas, avenidas, arroios e calçadas.
Em função do vaivém de máquinas, viaturas e de bloqueios, o trânsito é congestionado. O pedido dos órgãos públicos é justamente para as pessoas só saírem de casa por extrema necessidade, para evitar riscos e permitir a agilidade dos trabalhos de limpeza.
— Contamos com o apoio da população e de todos que estão vindo para a cidade ajudar neste momento. Precisamos das vias livres para que o trabalho seja eficiente. Com as vias limpas, poderemos dar agilidade aos trabalhos de recuperação da cidade — enfatiza o prefeito Rubens Bomtempo.
No Morro da Oficina, local onde mais pessoas morreram, GZH percebeu, neste domingo, mais bombeiros fazendo buscas em comparação aos dias anteriores. Além de servidores do Rio, também havia profissionais de Santa Catarina, Minas Gerais e Espírito Santo. Bombeiros do Rio Grande do Sul também chegaram à cidade. Mas há voluntários de vários Estados. Mais de 300 carros foram removidos das ruas. Até o momento, são 171 mortos.
A costureira Denise Silva dos Santos, 55 anos, acompanhava as buscas ao lado do local do desastre. A casa dela não foi atingida por pouco, mas está condenada pela Defesa Civil.
— Eu não sei o que vou fazer, no momento estamos desabrigados. A maioria do pessoal que morreu aqui era tudo conhecido — disse ela.
A cozinheira Cléia Ferreira de Oliveira, 53 anos, anotava os nomes de quem subia num dos pontos do Morro da Oficina. Ela acompanhava o irmão, que ajudava nas buscas.
— São cinco pessoas desaparecidas. Três filhos dele, um neto e a sogra — contou Cléia.
A cozinheira não poupou críticas aos bombeiros.
— Estamos trabalhando aqui há quatro dias, sendo que quatro dias estávamos sozinhos procurando. Tivemos muitos voluntários, mas nenhum bombeiro de Petrópolis — reclamou, numa crítica que é feita por vários moradores desde quinta-feira (17).
Tanto o comandante dos bombeiros, coronel Leandro Sampaio Monteiro, quanto o governador, Cláudio Castro, disseram que as equipes nos locais são compatíveis tecnicamente com as buscas.
— Não adianta encher de gente nesses locais porque pode atrapalhar — disse Monteiro.
O sargento dos bombeiros Jacques Douglas Romão veio de Santa Catarina para ajudar nos trabalhos.
— A gente veio com seis cachorros especialistas nas buscas por pessoas desaparecidas. Aqui é um local perigoso de se trabalhar, oferece muito risco. A gente está contribuindo da melhor forma e maneira possível que a gente consegue — relatou Romão, que segurava na guia o cão farejador Bravo.
Cristiane Gross da Silva, 48, estava no pé do Morro da Oficina carregando uma caixa de achocolatado até o ponto de apoio dos voluntários. A gaúcha de Viamão sepultou no dia anterior a filha e um neto.
— Estou muito triste, mas aliviada que pelo menos os encontramos. Eu já fui muito ajudada, agora é hora de retribuir e ajudar — destacou a balconista.