Wesley Zaqueu Soares, 20 anos, é filho de pai porteiro, mãe dona de casa, e seus três irmãos trabalham na mesma profissão que a sua: recicladores do aterro sanitário de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. O jovem sabe que a atuação na coleta de lixo não tem nada de indigna - do contrário, ressalta o esforço dos colegas para dar destino ao que poluiria o meio ambiente. Mas Wesley ouviu do tio um conselho que o fez refletir:
— "Vai estudar", ele me disse, "pra ter um futuro melhor". "Nunca pensou em ser brigadiano?"
Na última semana, os servidores da central de resíduos do bairro Roselândia, onde ele também presta serviço, dedicaram um turno atrás de uma sacola com R$ 4 mil, jogada fora por engano. O rapaz simbolizou a honestidade dos companheiros ao localizar o objeto e devolver ao dono, um pequeno empresário da cidade. A história que foi destaque em GZH.
No dia, Wesley disse à reportagem não ter pensado em ficar com o dinheiro, pois aprendeu com seus pais a nunca deixar de ser honesto. Contou ainda que trabalha por um salário mínimo mensal de dia e que estuda à noite, com o objetivo de prestar concurso para policial rodoviário federal, semelhante ao que havia ouvido do familiar.
— Pensei na Brigada Militar e na Guarda Municipal, que tem um trabalho importante, mas o que admiro mais são os PRF (Polícia Rodoviária Federal) - complementa.
Nesta quinta-feira (13), o reciclador tomou um caminho diferente de sua rotina: ao invés de ir até o aterro, as 6h, foi buscado em casa por uma viatura da PRF. Rodou pelas estradas patrulhadas pelos agentes e depois conheceu a sala de operações da 1ª Delegacia da PRF, na freeway. Recebeu das mãos do superintendente da PRF-RS, Luís Carlos Reischak, a miniatura de um veículo oficial, e mais uma vez foi aconselhado.
— Te desejo sorte. Com foco e determinação teu sonho será recompensado. A cada final de plantão, o policial rodoviário federal chega em casa com sentimento de que fez a diferença para o cidadão. E precisamos de pessoas como você — diz o chefe da corporação no Estado.
Wesley também conheceu um dos 96 novos admitidos pela última seleção nacional da categoria. A policial Livia Munaldi, 25 anos, começou na segunda-feira (10). Bacharel em Direito, ela ficou entre as primeiras colocadas no concurso da PRF e deixou o Espírito Santo para se juntar ao grupo de 840 lotados no Rio Grande do Sul.
— Que continue estudando. Se ele tem o objetivo de prestar um serviço de excelência, está no caminho certo — orienta.
Ao programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha, o reciclador agradeceu pela recepção. E repetiu a frase que rendeu tanto reconhecimento:
— Vale a pena ser honesto. No mundo que a gente vive, tá faltando muita honestidade.