
O Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul apresentou nesta quarta-feira (17) uma ferramenta virtual que recriou o ambiente interno da boate Kiss. O dispositivo permite percorrer todo o interior da casa noturna, que incendiou em 27 de janeiro de 2013, provocando a morte de 242 pessoas, por meio do computador. A ferramenta foi idealizada pela professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Virginia Vechioli e desenvolvida pelo arquiteto Lucas Oliveira.
— O espaço do crime pode entrar na sala de audiência. A testemunha pode acompanhar o tour virtual interativo — explica Virginia.
— É um sentimento de agregar numa causa tão importante — diz Oliveira.
A ferramenta virtual foi apresentada durante entrevista coletiva dos promotores que vão trabalhar no júri dos quatro réus marcado para começar em 1º de dezembro, em Porto Alegre. O colunista de GZH Rodrigo Lopes já havia antecipado o uso do recurso digital pelo MP.
Conforme a promotora Lúcia Helena Callegari, além das demais provas, essa ferramenta permitirá demonstrar o labirinto que era a casa noturna e os problemas que existiam no local que impediram, para a promotoria, que os jovens conseguissem fugir quando o incêndio começou.
— Nenhum gaúcho, nenhum brasileiro vai esquecer o que estava fazendo no dia 27 de janeiro de 2013. Enquanto Santa Maria sangrava e chorava, as imagens aterrorizantes rodavam o mundo — disse Lúcia.
O subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Júlio César de Melo, espera que o julgamento possa ocorrer e que tenha fim.
— Estamos mobilizados e empenhados para a realização desse julgamento — ressaltou Melo.
Na mesma linha seguiu o promotor David Medina.
— O que os réus estão fazendo é ir adiando esse momento derradeiro de decidir sobre isso, que é no tribunal do júri — sustentou o promotor se referindo ao que classificou de manobras de advogados para impedir que o júri seja realizado e finalizado.