No coração de Pelotas, em frente à Praça Coronel Pedro Osório, uma obra gigante chama a atenção de visitantes e gera perguntas de moradores. O prédio inacabado contrasta com antigos casarões e com modernas construções do centro da cidade do Sul do RS. Após quase 20 anos, a torre Central Park está próximo de ter sua obra retomada e deixará de ser um dos grandes "esqueletões" existentes no Estado.
Projetado em 1996, o edifício residencial foi criado pela extinta empresa Cinco Construções. Na época, 72 de 84 apartamentos foram vendidos. Por problemas financeiros, a empresa não conseguiu cumprir o projeto e entrou em insolvência financeira. As obras foram interrompidas em 2001 e desde então estão paradas.
Movido pelo sonho do advogado e investidor de Caxias do Sul Marciano Perondi, que se apaixonou pela cidade e pela história do antigo prédio, a empresa PR1 Construtora e Incorporadora de propriedade dele, adquiriu a maioria dos apartamentos diretamente dos condôminos. Os valores não foram revelados. Após adquirir os apartamentos, a empresa enfrentou diversas batalhas judiciais ao longo dos últimos anos até conseguir a liberação na justiça no mês passado para dar continuidade ao empreendimento.
— Eu me apaixonei pela cidade e trouxe o projeto pra mim. Eu achava um desperdício uma cidade do tamanho de Pelotas ter um projeto como esse e ficar parado tanto tempo — explica Perondi.
Enquanto enfrentava as batalhas jurídicas, a empresa investiu em manutenções para que a obra tivesse condições de ser continuada. Além disso, foram realizadas diversos reparos estruturais ao longo dos anos. Avaliações de especialistas contratados pela empresa constaram que a obra pode ser reiniciada com segurança.
A torre Central Park está com cerca de 28% da obra concluída. O prédio tem 19 andares inacabados atualmente, e o projeto é construir mais quatro, chegando a 23 andares. O empreendimento deverá ser de alto padrão, com apartamentos de 100 a 137m², seguindo o conceito de condomínio clube, com mais de dois mil metros de área de lazer. Entre os espaços oferecidos aos futuros moradores estão quadra oficial de padel, piscina, academia, sauna, espaço kids e dois andares de estacionamento.
O reinício das obras deve acontecer já no mês de novembro. A construtora informou que em 18 meses pretende concluir o empreendimento. Ainda não estão previstos o início das vendas e o preço dos apartamentos. Além do edifício, a construtora também é proprietária do terreno ao redor da construção. A expectativa é que nos próximos anos seja instalado um colégio de ensino médio e um shopping center no local.
— Temos a expectativa de que em até um ano e meio estejamos entregando um novo espaço concluído no coração de Pelotas, tirando aquela marca de prédio abandonado no centro da cidade — finaliza Perondi.
Outro prédio próximo de uma solução
Localizado no Centro Histórico de Pelotas, na esquina da praça Coronel Pedro Osório com Rua 15 de Novembro, o antigo prédio da Secretaria de Finanças do município foi construído entre os anos de 1926 e 1928 para sediar a 19ª agência do Banco do Brasil no país. Tempos depois, o edifício foi ocupado pela pasta, até 2010, quando foi fechado. Naquela época, o prédio foi cedido à Câmara de Vereadores, que chegou a fazer um projeto para restauração, mas desistiu do seu uso.
Desde então fechada, a bonita edificação está abandonada e tem marcas do passar do tempo. Em agosto deste ano, a prefeitura assinou um contrato com o Fecomércio. A ideia é que o espaço seja sede da Escola de Gastronomia do Senac, com uma cafeteria e um memorial aos doces de Pelotas.
O projeto arquitetônico para a recuperação do prédio histórico já foi apresentado e aprovado ao Iconicidades, programa do governo do Estado para a recuperação espaços arquitetônicos gaúchos. A projeção é que o restauro fique orçado entre R$ 10 e 12 milhões. A prefeitura garantirá R$ 5 milhões e a Fecomércio aportará o restante.