A Polícia Civil concluiu nesta sexta-feira (16) o inquérito sobre um rumoroso caso de fura-filas na vacinação contra a covid-19 registrado em Passo Fundo, norte do Rio Grande do Sul. Um adolescente de 12 anos foi imunizado em um asilo para idosos, utilizando o documento de um homem que já está morto. O delegado Venícius Demartini, da 2ª Delegacia da Polícia Civil naquela cidade, indiciou uma funcionária do residencial para terceira idade, por falsidade ideológica.
Conforme as investigações, a mulher colocou o nome do adolescente na lista de funcionários do asilo que teriam direito à vacina e a repassou para os vacinadores da Secretaria Municipal da Saúde passo-fundense. Sem saber dessa troca, os servidores públicos imunizaram o garoto, que inclusive trajava uniforme utilizado pelos empregados do residencial para a terceira idade.
A situação foi descoberta porque, quando os funcionários repassaram a lista de vacinados ao sistema de dados da prefeitura, o computador registrou que adolescente tinha utilizado o nome de um idoso já falecido. A suspeita foi comunicada pela prefeitura passo-fundense na Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) e repassada à 2ª Delegacia de Polícia daquela cidade. O fato ocorreu em 25 de janeiro, dia em que aconteceu a vacinação no residencial para idosos, que é uma instituição privada.
Relatos feitos à prefeitura indicam que o adolescente recebeu a vacina após usar dados cadastrais do cartão do SUS e número de CPF do idoso falecido e que morou no asilo até sua morte. O adolescente é familiar de uma mulher que, segundo auditoria municipal, é funcionária do residencial. Ela mesma teria repassado à equipe de vacinação a lista com nome, função e CPF das pessoas que estavam no asilo. Por envolver menor de idade, a reportagem não publica o nome do adolescente e o dela.
A prefeitura de Passo Fundo divulgou nota se isentando de responsabilidade no episódio e ressaltando ter sido dela a auditoria que comprovou a fraude. A nota diz que foi do prefeito Pedro Almeida a determinação para registrar ocorrência policial. No país, pelo menos 50 mil casos de fura-fila estão sob suspeita.
Contraponto
O que diz o residencial de idosos onde ocorreu a vacinação do adolescente:
O residencial distribuiu nota no qual diz que o adolescente foi efetivamente vacinado no local, mas não no lugar do idoso. A instituição afirma também que o idoso estava vivo quando a lista de vacináveis foi enviada à prefeitura de Passo Fundo, e que o garoto foi imunizado em decorrência da existência de sobras de doses de vacina.