O Tribunal de Justiça (TJ) já acionou a Polícia Civil para investigar o ataque cibernético feito contra o sistema do Poder Judiciário gaúcho.
A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informáticos e de Defraudações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) vai atuar no caso.
Desde a madrugada da quarta-feira (28), todas as atividades da Justiça que dependam da rede informatizada interna estão paradas por conta da invasão que corrompeu dados. Na tarde desta quinta-feira (29), o site do TJ teve de ser mais uma vez retirado do ar.
Conforme o desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, presidente do Conselho de Comunicação do TJ, a primeira fase da investigação está sendo interna — o setor de Segurança de Informática está fazendo um "cinturão de segurança" para tentar manter a preservação de dados e para coletar informações a serem levadas à polícia.
Para isso, todo trabalho da Justiça foi bloqueado. Agora, com dados já reunidos — como possíveis acessos indevidos feitos à rede — , o TJ repassará material à polícia para uma nova etapa de apuração. Setor especializado do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também está atuando em apoio às apurações, além do Núcleo de Inteligência do Judiciário.
O delegado André Anicet, que conduzirá a investigação na Polícia Civil, já conversou com servidores do setor de informática do TJ:
— Assim que a ocorrência for registrada e os dados entregues, vamos começar a apuração da autoria.
Na tarde desta quinta-feira, só o que está sendo possível fazer na Justiça é o trabalho pelo eProc (sistema oficial de processos eletrônicos), desde que acessado em máquinas privadas e por rede externa (na web). A rede do TJ não pode ser usada sob risco de comprometer dados do eProc, que tem base em um sistema fora do país. Até mesmo informações pessoais de funcionários, como contas bancárias e de imposto de renda, teriam sido acessadas.
Não há previsão para normalização dos serviços, mas casos urgentes seguem sendo atendidos com comunicação via e-mails - criados para isso - e contatos pessoais de WhatsApp. Pela manhã, o desembargador Silveira qualificou o ataque como "grave e sem precedentes na história do Judiciário do Rio Grande do Sul".
— É uma invasão cibernética criminosa que fere a cidadania por atingir um dos pilares da democracia, que é a Justiça.