Janeiro sempre é um mês complicado para Kelen Ferreira, sobrevivente da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria. Hoje com 26 anos, a terapeuta ocupacional teve uma das pernas amputada e parte do corpo queimado no incêndio, que nesta quarta-feira (27) completa oito anos, sem o julgamento dos réus.
— A semana que antecede a tragédia é pior ainda, eu lembro tudo o que aconteceu nos dias que antecederam o dia 27. Falar nisso hoje ajuda a não cair em esquecimento, porque se passaram oito anos e ainda não aconteceu nada, nenhum julgamento. A gente aguarda e sofre com isso, pela justiça que não aconteceu, sofre pelos que se foram — relatou Kelen, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha.
— Enquanto eu estiver viva, eu vou lutar para que haja justiça. Muitos não gostam de falar sobre isso. Mas precisa ser falado para que não aconteça novamente — prometeu ela, que além do problema físico, perdeu três amigas no episódio.
Previsto para ocorrer em Porto Alegre, o júri dos quatro réus (veja abaixo) no processo criminal que apura as circunstâncias do incêndio ainda não tem data definida. O processo foi distribuído para a 1ª Vara do Júri do Foro Central da Capital. Desde então, a marcação da data depende da definição de um juiz, já que a magistrada titular da vara assumirá nova função. A expectativa é de que ocorra até o fim de 2021.
— Cada dia que passa sem que se revolva (o julgamento) é uma dor muito grande. O momento que acontecer vai dar um descanso para todo mundo —diz Kelen.
Quem são os réus e qual é a acusação:
- Os réus no processo criminal que apura as circunstâncias do incêndio na Boate Kiss são os sócios da casa noturna, Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, e Mauro Londero Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista) e Luciano Augusto Bonilha Leão (ajudante)
- Os quatro respondem a ação penal por 242 homicídios e por 636 tentativas, com dolo eventual (quando se assume o risco de matar)